Darwin e Deus https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br Um blog sobre teoria da evolução, ciência, religião e a terra de ninguém entre elas Mon, 15 Nov 2021 14:20:48 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Ciência para as massas em Juiz de Fora! https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2017/08/09/ciencia-para-as-massas-em-juiz-de-fora/ https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2017/08/09/ciencia-para-as-massas-em-juiz-de-fora/#respond Wed, 09 Aug 2017 20:14:01 +0000 https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/files/2017/08/observatório-1-e1502309126874-180x150.jpg http://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/?p=4432 Recebo da colega Bárbara Duque, coordenadora de divulgação científica da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), uma excelente notícia: a inauguração do novo Centro de Ciências da instituição, com muita coisa legal para quem quer explorar a astronomia e outras áreas científicas, como mostram o texto (enviado pela Bárbara) e as fotos acima e abaixo. Declaro, desde já, minha pontinha de inveja em relação ao pessoal daquele simpático canto de Minas Gerais. Se puderem, não deixem de visitar o centro, que já está de portas abertas!

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“São 3.000 metros quadrados distribuídos em quatro andares com diversas atividades para os visitantes — entre elas, o observatório astronômico dotado de um telescópio fixo de 20 polegadas, além de 10 telescópios móveis, incluindo um específico para observação do Sol. Através dos demais aparelhos, também será possível observar estrelas, crateras lunares e planetas do nosso Sistema Solar, por exemplo.

O novo espaço do Centro é composto por três auditórios, quatro laboratórios de ciências, dois salões de exposições, sala de informática, oficina, a exposição da Tabela Periódica Interativa, Espaço Interativo do Museu de Malacologia e o Museu de Arqueologia e Etnologia Americana. Nos salões, estarão disponíveis, já a partir da inauguração, as exposições “Energia Nuclear” e “Aprenda Brincando”, sendo esta última composta por 22 experimentos de física que permitem a participação direta do visitante na investigação dos conceitos envolvidos.

Seguindo sua tradição de popularização da ciência, o centro se estende para além da universidade e será disponibilizado para visitações de todos os interessados em observar de perto o Universo e conhecer diversos aspectos do conhecimento científico de forma interativa. A entrada será gratuita e, as visitas, guiadas e agendadas com antecedência.”

Planetário tá ficando uma belezura! (Crédito: Divulgação)
Tabela periódica neles! (Crédito: Divulgação)

 

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Comida de micróbio marciano https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2015/09/28/comida-de-microbio-marciano/ https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2015/09/28/comida-de-microbio-marciano/#respond Mon, 28 Sep 2015 20:17:33 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/?p=2928 A esta altura do campeonato, você só não ficou sabendo ainda da possível descoberta de água corrente sazonal em Marte se… bem, se você literalmente mora em Marte e não possui ao menos um radinho de pilha. (Para mais informações qualificadíssimas sobre o achado da Nasa, faça um favor a si mesmo e visite o blog Mensageiro Sideral, do meu amigo e colega Salvador Nogueira.) Neste breve post, vou me arriscar na seara do Salvador para tentar abordar a biologia e a bioquímica — especulativas ainda, claro — da coisa.

Ocorre que as supostas “águas de Marte”, ao que tudo indica, possuem alta concentração de sais conhecidos pelos singelos nomes de perclorato de sódio e perclorato de magnésio, entre outros. Desempacotando um pouco a nomenclatura: “perclorato” nada mais é que o nome dado à parte eletricamente negativa desses sais, que contém um átomo do elemento químico cloro (daí o nome) e quatro átomos de oxigênio. Esse treco é tóxico para seres humanos, podendo causar problemas de tireoide ou mesmo de pressão alta, segundo alguns estudos. Sinal vermelho para a suposta vida marciana, portanto?

Não se estivermos falando de bactérias e outros micróbios, como as misteriosas Archaea. Existem mais de 40 linhagens diferentes de micro-organismos que “comem” perclorato, ou seja, conseguem usá-lo em seu metabolismo.

Em geral, isso é feito graças a enzimas especiais, ou seja, moléculas que aceleram reações químicas no organismo dos micróbios, ajudando-os a “quebrar” moléculas complexas em pedaços menores. As tais enzimas, a perclorato-redutase e a clorito-dismutase, servem para fatiar esses sais, liberando os átomos de cloro e, veja você, o gás oxigênio, aquele mesmo que respiramos. Além da fotossíntese, realizada pelas plantas e por outros micróbios, o “desmanche” dos percloratos é um dos poucos processos biológicos que produzem oxigênio.

Fica aí, portanto, a dica para futuras missões da Nasa (é óbvio que eles já devem saber disso por lá): talvez farejar pequeninas quantidades de oxigênio perto dos “ribeirões” de Marte seja um caminho para detectar vida microbiana comendo percloratos por lá.

ADENDO RÁPIDO: A Nasa tem afirmado que as concentrações salinas dos riachos temporários marcianos são tão altas que nenhum micróbio terrestre aguentaria o tranco. Pode ser, mas e um micróbio nascido e criado em Marte?

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Megapedregulhos espaciais no Rio https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2015/08/27/megapedregulhos-espaciais-no-rio/ https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2015/08/27/megapedregulhos-espaciais-no-rio/#respond Thu, 27 Aug 2015 19:48:20 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/?p=2808 Quem não gosta de meteoritos bom sujeito não é, ouso dizer parafraseando Noel Rosa Dorival Caymmi. Pedregulhos, pedras e pedronas espaciais são fascinantes pelo papel que desempenharam na história do nosso planeta, seja pelo bombardeio tremendo desses bólidos quando a Terra ainda era um bebê planetário, seja pela associação de tais objetos com fenômenos de extinção em massa, como a que levou os dinossauros não avianos (ou seja, todos menos as aves, que também são dinossauros) para a cova no fim do Cretáceo, há 65 milhões de anos.

A boa notícia para fãs de petardos do espaço sideral é que o Museu Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) está organizando uma mostra aparentemente muito bacana sobre o tema a partir do começo do mês que vem. Confiram os detalhes no comunicado abaixo. Aliás, tem coisa mais legal do que poder ver uma espada/adaga forjada com metal vindo do espaço, tal e qual a Excalibur das lendas arturianas? Vai ter lá, meu povo.

Como nota pessoal, devo dizer que qualquer visita ao Museu Nacional, com ou sem meteoritos, vale demais a pena — é um dos lugares do Rio que mais respiram história. #corrão!

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O Museu Nacional/UFRJ inaugura dia 3 de setembro (quinta), às 17 horas, a exposição METEORITOS – DA GÊNESE AO APOCALIPSE que irá mostrar a importância destes fragmentos extraterrestres desde o surgimento da vida na Terra até a algumas extinções, como a dos dinossauros. A exposição pretende estimular uma reflexão sobre nossas origens e ao que o futuro nos reserva. O evento coincide com a abertura do VI Encontro Internacional de Meteoritos e Vulcões que acontece também no museu localizado na Quinta da Boa Vista, no Bairro Imperial de São Cristóvão, Rio de Janeiro.

O meteorito Santa Luzia, uma das estrelas (cadentes) da mostra (Crédito: Divulgação)
O meteorito Santa Luzia, uma das estrelas (cadentes) da mostra (Crédito: Divulgação)

A exposição interativa terá peças da coleção do Museu Nacional/UFRJ, entre elas o meteorito Santa Luzia, onde o visitante poderá tocar e até mesmo sentar e, se quiser, tirar uma selfie. Mostrará, ainda, fragmentos do que possivelmente já foi solo de Marte, da Lua ou até do interior de asteroides, ensinará a identificar um meteorito de um “mentiorito” (objetos confundidos com meteoritos), além de apresentar conteúdos multimídias.

DA GÊNESE AO APOCALIPSE aborda diversos aspectos do tema meteoritos: o que são, como são, de onde vieram e de como eles influenciaram na formação do sistema solar, na origem da vida, nas grandes extinções como a dos dinossauros, na evolução do homem e até mesmo das possibilidades de ser o “Armagedom” descrito no apocalipse.

Outro destaque da exposição é a adoração de meteoritos como divindades e objetos sagrados, a exemplo da pedra de Kaaba dos muçulmanos, ou as divindades Cibele, dos gregos, e Elagabal, dos sírios, pedras que caíram do céu e foram posteriormente associadas aos deuses e por fim as datas comemorativas da igreja católica, Pascoa e Natal.

Uma adaga rara feita de meteorito também estará exposta. Na evolução da humanidade, o ferro meteorítico foi usado antes mesmo do domínio do ferro pela siderurgia (do latim sider = astro). Na antiguidade as melhores espadas eram feitas utilizando-se o ferro meteorítico.

Adaga feita com ferro literalmente do outro mundo, produzida na Indonésia (Crédito: Divulgação)
Adaga feita com ferro literalmente do outro mundo, produzida na Indonésia (Crédito: Divulgação)

No VI Encontro Internacional de Meteoritos e Vulcões o destaque é o pesquisador Klaus Keil, da Universidade do Havaí, um dos maiores cientistas planetários no estudo da meteorítica, que dará palestras também em Brasília, São Paulo, São José dos Campos, Salvador, Porto Alegre e Ouro Preto.

Mais sobre os destaques da mostra:

Meteorito Santa Luzia
Encontrado em 1927, na cidade de Santa Luzia, Goiás, é o segundo maior objeto espacial encontrado em todo território brasileiro. É composto por Ferro (92%), Níquel (6,6%), Fósforo (0,9%) e Cobalto (0,47%). O meteorito é peça pertencente ao acervo do Museu Nacional (RJ), que é referência em estudos de meteoritos. O Museu o adquiriu em 1928, mediante doação do município de Santa Luzia.

Adaga Keris
Kris ou keris são adagas típicas da Indonésia. São armas e objetos espirituais, pois se acredita que possam possuir poderes mágicos. Muitas mostram o padrão de aço damasco, constituídas por camadas de dois tipos de ferro: um rico em carbono e outro rico em níquel (meteorito). As lâminas kris são de alta qualidade: o metal é dobrado dezenas ou centenas de vezes e tratado com o máximo de precisão. Krises eram usadas em cerimônias especiais, sendo passadas por herança através de sucessivas gerações. Nas últimas três décadas perderam seu significado social e espiritual de destaque naquela sociedade. Esta em especial é feita com ferro meteorítico, mais brilhante e dútil, e ferro carbono, mais escuro e duro.

SERVIÇO
METEORITOS – DA GÊNESE AO APOCALIPSE (Exposição Permanente)
Abertura – 3 de setembro de 2015 – às 17 horas
Museu Nacional/UFRJ
Quinta da Boa Vista – Bairro Imperial de São Cristóvão – Rio de Janeiro
Aberto de terça a domingo das 10 às 17 horas, e segundas das 12 às 17 horas
Ingressos: R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia)
Gratuidade: crianças até 5 anos e portadores de necessidades especiais
Telefone: 21 3938-6900
www.museunacional.ufrj.br

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O padre que matou Plutão https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2014/11/19/o-padre-que-matou-plutao/ https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2014/11/19/o-padre-que-matou-plutao/#respond Wed, 19 Nov 2014 11:59:59 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/?p=2073 De quem foi a culpa pelo “rebaixamento” de Plutão, excluído de forma desapiedada da lista de planetas do Sistema Solar? Dos jesuítas, óbvio.

Sério, gente — parece trama de romance anticlerical do século 19, mas é a pura verdade — ou ao menos parte dela. Quem coordenou o Comitê de Resoluções da IAU (União Astronômica Internacional) que propôs formalmente a reclassificação do antigo nono planeta, bem como o responsável por escrever o texto que foi votado e aprovado pelos membros do IAU batizando Plutão de mero “planeta-anão”, foi o padre britânico Christopher Corbally, membro da Companhia de Jesus e pesquisador do Observatório do Vaticano. Olha a foto do homem aí embaixo. É o senhor do meio. (Notem que ele não está usando batina. Deve ser pra se disfarçar de um possível atentado dos Illuminati.)

O jesuíta Christopher Corbally (no centro), ao lado de Jocelyne Bell-Burnell (a moça com um boneco do Pluto) e Richard Binzel (Crédito: David Cerny/Reuters)
O jesuíta Christopher Corbally (no centro), ao lado de Jocelyne Bell-Burnell (a moça com um boneco do Pluto) e Richard Binzel (Crédito: David Cerny/Reuters)

Acontece que o Vaticano é um dos Estados-membro da IAU, e sua pequena equipe de astrônomos costuma produzir ciência de excelente qualidade, o que acabou levando à escalação de Corbally para esse papel importante na votação.

É claro que dizer que “Plutão teria escapado, se não fossem esses jesuítas intrometidos”, à la Scooby-Doo, é forçar a barra. Já havia um acúmulo enorme de descobertas mostrando que o antigo nono planeta era apenas mais uma bola de gelo entre a infinidade de corpos parecidos existentes nos confins do Sistema Solar, e que ele pouco tinha em comum com os planetas “verdadeiros”, o que motivou a decisão da IAU e sua aceitação pela comunidade científica.

A votação anti-Plutão aconteceu no já longínquo ano de 2006, mas só me dei conta da filiação religiosa do pesquisador após ler o divertido livro “Would you Baptize an Extraterrestrial?” (“Você Batizaria um Extraterrestre?”), dos jesuítas Guy Consolmagno e Paul Mueller, ambos cientistas do Observatório do Vaticano também. 

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