Darwin e Deus https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br Um blog sobre teoria da evolução, ciência, religião e a terra de ninguém entre elas Mon, 15 Nov 2021 14:20:48 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Pesquisa decifra causas de aumento de enchentes na Amazônia https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2018/09/19/pesquisa-decifra-causas-de-aumento-de-enchentes-na-amazonia/ https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2018/09/19/pesquisa-decifra-causas-de-aumento-de-enchentes-na-amazonia/#respond Wed, 19 Sep 2018 19:06:56 +0000 https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/boizinho-ilhado-320x213.jpg https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/?p=5372 Grandes episódios de seca têm atormentado os moradores da Amazônia nas últimas décadas, mas um novo estudo, usando dados que remontam ao início do século 20, indica que a frequência de enchentes também cresceu de forma assustadora na região de lá para cá – com uma provável conexão entre o fenômeno e as mudanças climáticas globais.

Para ser exato, as cheias intensas na Amazônia agora estariam cinco vezes mais frequentes. Em vez de acontecer uma vez a cada 20 anos, como era a regra até a primeira metade do século passado, agora afetam cidades como Manaus uma vez a cada quatro anos – isso desde o começo dos anos 2000. E as cheias também ficaram mais severas – as de 2009 e 2012 não têm precedentes históricos, por exemplo.

Foram dados históricos de Manaus, com efeito, que possibilitaram a análise do problema coordenada por Jonathan Barichivich, da Universidade Austral do Chile, que acaba de ser publicada na revista especializada Science Advances. Também assina o estudo Jochen Schöngart, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, localizado na capital amazonense, entre outros pesquisadores.

A equipe usou informações sobre o nível das águas do rio Negro em Manaus, compiladas diariamente entre 1903 e 2015, e do rio Amazonas em Óbidos, no Pará, entre 1970 e 2015, bem como registros de índices de chuva e análises atmosféricas. Pelo que os pesquisadores verificaram, há alta correlação entre o nível da água medido nos dois locais durante quase todo o período – em geral, se há enchente em Manaus, o mesmo se verifica em Óbidos.

De maneira geral, o clima amazônico nos últimos anos, em especial o que se pode medir a partir da precipitação (chuva) parece um exemplo de livro didático do que a maioria dos cientistas espera das mudanças climáticas globais: um aumento da frequência dos chamados eventos climáticos extremos, com estações secas mais secas que o normal e estações chuvosas ainda mais “molhadas” que o esperado.

No caso do aumento das enchentes, Barichivich e companhia identificaram uma correlação entre esse processo e o fortalecimento da chamada circulação de Walker (também conhecida como célula de Walker). Essa circulação de ar, típica da camada mais baixa da atmosfera nos trópicos, está ligada a diferenças de temperatura no mar e na terra, envolvendo tanto trechos do Pacífico quanto do Atlântico tropical num sistema de evaporação, formação de nuvens e chuva.

Com o oceano Atlântico ficando mais quente nos trópicos, enquanto o Pacífico tem ficado mais frio, a circulação de Walker se fortalece – e despeja mais água sobre a Amazônia, segundo os pesquisadores. Esse processo parece estar associado a uma série de mudanças na circulação dos oceanos e dos ventos – e, em última instância, com o aumento das temperaturas médias da terra causado pela queima de combustíveis fósseis.

]]>
0
Prós e contras da definição do Antropoceno, a Era do Homem https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2018/05/01/pros-e-contras-da-definicao-do-antropoceno-a-era-do-homem/ https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2018/05/01/pros-e-contras-da-definicao-do-antropoceno-a-era-do-homem/#respond Tue, 01 May 2018 12:24:50 +0000 https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/antropoceno-paia-320x213.jpg http://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/?p=5077 Quando topei pela primeira vez com a ideia de que estaríamos vivendo no Antropoceno, um período geológico definido pelos impactos sem precedentes da ação humana sobre a Terra, confesso que fiquei acabrunhado e empolgado ao mesmo tempo. Por cima da reação visceral de horror ao tamanho do estrago que andamos causando, achei que empacotar a ideia num nome de fase geológica — o termo exato seria “época”, e não era, como no título acima — talvez ajudasse as pessoas a entender de uma vez por todas o tamanho do problema.

Foi sobre esses e outros temas relativos à ideia do Antropoceno que girou um debate recente no Instituto de Estudos Avançados da USP, para o qual fui gentilmente convidado a contribuir. O resultado — longo, porém instrutivo — você pode conferir no vídeo abaixo, com a coordenação do polímata José Eli da Veiga e a participação da geóloga Sonia Maria Barros de Oliveira. Este texto recente da lavra deste escriba ajuda a contextualizar um pouco a discussão.

———————

Visite o novo canal do blog no YouTube!

Conheça meus livros de divulgação científica!

Conheça e curta a página do blog Darwin e Deus no Facebook

Quer saber quem sou? Confira meu currículo Lattes

Siga-me no Twitter ou no Facebook

]]>
0
Um perfil de Sylvia Earle, a mulher, o mito da exploração submarina https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2018/03/06/um-perfil-de-sylvia-earle-a-mulher-o-mito-da-exploracao-submarina/ https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2018/03/06/um-perfil-de-sylvia-earle-a-mulher-o-mito-da-exploracao-submarina/#respond Tue, 06 Mar 2018 20:21:20 +0000 https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/files/2018/03/sylvia-gata-320x213.jpg http://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/?p=4851 Passei a semana passada praticamente inteira tentando falar com a lenda Sylvia Earle, 82, bióloga marinha que ajudou a revolucionar nossa compreensão dos oceanos e é uma das principais vozes em defesa da vida marinha há várias décadas. Consegui aos 45 minutos do segundo tempo e fui ao lançamento de seu livro “A Terra É Azul” em São Paulo. Mas, como eu e meus chefinhos Mariana Versolato e Gabriel Alves não sabíamos se a jovem senhora teria um tempinho pra conversar com a Folha, resolvemos deixar pronto, por via das dúvidas, um pequeno perfil dela, que sairia no lugar da entrevista (caso essa não existisse). Acho que o texto dá uma boa ideia da importância da figura. Portanto, é com prazer que o compartilho com o gentil leitor, abaixo.

—————-

“Sylvia parte para navegar com 70 homens, mas não espera grandes problemas”, dizia a manchete do jornal queniano Mombasa Times em 20 de novembro de 1964. Era a primeira grande expedição da bióloga marinha Sylvia Alice Earle, que tinha deixado o marido e os dois filhos pequenos nos EUA para investigar a biodiversidade do oceano Índico.

Earle, hoje com 82 anos e ainda mergulhando regularmente, acabou se tornando o primeiro ícone feminino da exploração submarina numa época em que essa área de pesquisa, assim como quase todas as outras, ainda era um feudo dos homens. Estudiosa da imensa diversidade de espécies de algas dos oceanos, ela ajudou a desenvolver tecnologias que hoje permitem o acesso às zonas mais profundas do mar e é uma das principais defensoras da importância dos ambientes aquáticos para a sobrevivência da humanidade.

Nesta semana, a pesquisadora lançará o livro “A Terra é Azul”, com palestra no Teatro do Sesi, em São Paulo, e visitará Brasília para se encontrar com o presidente Michel Temer e pedir a criação de reservas ambientais marinhas.

GUARDANDO AS PEÇAS

Nascida em Gibbstown (Nova Jersey), em uma família de pescadores, alguns dos quais profissionais, Earle se mudou para a Flórida com os pais no começo da adolescência. Em “Mission Blue”, documentário sobre sua vida feito pelo Netflix em 2014, a pesquisadora afirma que tanto o pai quanto a mãe influenciaram sua carreira de bióloga e inventora – a mãe por cuidar de aves selvagens que se machucavam nas vizinhanças, o pai pela capacidade prodigiosa de desmontar e construir engenhocas.

“Meu pai me deixava desmontar as coisas, mas sempre ficava repetindo: você se lembrou de guardar todas as peças? Se não fez isso, não vai conseguir montar nada de novo”, lembra Earle, que costuma aplicar essa mesma lição aos riscos que a biodiversidade marinha corre: se não sabemos a função de cada espécie em seu habitat, como podemos imaginar que ela pode ser descartada sem riscos?

“Na Flórida, andar pela praia e ver os animais e as algas que o mar trazia era como passear pelo zoológico. Era o paraíso para mim. Por isso foi tão chocante ver o que aconteceu com o golfo do México com o derramamento de óleo [da plataforma de petróleo Deepwater Horizon, em 2010]. O paraíso virou um paraíso perdido”, conta. “Acho que a preocupação das pessoas com os ambientes marinhos seria muito diferente se elas tivessem tido a chance de ver o que eu vi décadas atrás, porque eu sei exatamente a diferença entre como era o mar e o que ele se tornou hoje.”

Earle esteve entre a primeira geração de pesquisadores americanos a testar as potencialidades do aqualung, o aparato leve de exploração submarina inventado pelos franceses Jacques Cousteau e Émile Gagnan nos anos 1940 e utilizado, com ajustes, até hoje. Com graduação na Universidade do Estado da Flórida e doutorado em ficologia (estudo das algas) na Universidade Duke, ela continuou a participar de expedições ao longo dos anos 1960 e se tornou uma espécie de celebridade científica em seu país no começo da década seguinte. É que a pesquisadora foi convidada para participar da equipe 100% feminina do experimento Tektite 2, na qual as cientistas passavam até 20 dias num habitat artificial submerso, um laboratório no fundo do mar.

Além de levantar dados científicos básicos sobre a saúde dos oceanos, Earle também passou a desenvolver aparatos para a exploração submarina profunda, como o Deep Rover, criado em 1985 em parceria com Graham Hawkes, engenheiro britânico que acabaria se tornando seu terceiro marido. Em 1990, tornou-se a primeira mulher a chefiar a Noaa (Administração Nacional dos Oceanos e da Atmosfera, a “Nasa do mar”), cargo em que permaneceu até 1992. Em 1998, foi nomeada exploradora-residente da National Geographic, função que ainda mantém.

Nos últimos anos, Earle têm mantido uma agenda lotada de viagens, conferências e eventos pelo mundo, raramente parando em casa. Na semana anterior à vinda para o Brasil, por exemplo, ela esteve no Chile e depois foi fazer uma palestra no Museu Americano de História Natural, em Nova York, antes de voltar para a América do Sul. No documentário do Netflix, porém, ela afirma que não tem vontade de evitar a correria por um tempo.

“Se você vê uma criança caindo do décimo andar de um prédio e está numa posição que lhe permite salvá-la, você por acaso vai dizer ‘Bem, acho que vou dar um tempo antes’? É claro que não”, compara. Earle tem três filhos, uma das quais, Elizabeth, hoje dirige sua empresa de engenharia de tecnologias subaquáticas, a Doer Marine.

]]>
0
Arte para Sagan https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2016/10/11/arte-para-sagan/ https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2016/10/11/arte-para-sagan/#respond Tue, 11 Oct 2016 14:11:03 +0000 https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/files/2016/10/5a.-Paisagem-com-pedras-taken-by-Viking_recortado-alta-e1476194912166-180x58.jpg http://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/?p=3817 Se você se interessa por ciência em alguma medida, sou capaz de apostar que tem dedo do saudoso astrônomo Carl Sagan (1934-1996) na jogada. Uma exposição de arte em São Paulo que estreia neste dia 14, sexta-feira, celebra justamente o legado do velho Sagan, criador da versão original da série “Cosmos” e de livros clássicos como “O Mundo Assombrado pelos Demônios” e “Pálido Ponto Azul”.

Recriação artística de uma imagem do Telescópio Espacial Hubble (Crédito: Divulgação)
Recriação artística de uma imagem do Telescópio Espacial Hubble (Crédito: Divulgação)

E, por falar nesse segundo livro, as 20 obras do artista Ricardo Alves receberam o título coletivo “Desse Pálido Ponto” (para quem não conhece a referência, essa é a expressão cunhada por Sagan para se referir à Terra vista a partir dos confins do Sistema Solar).  Pareceu-me especialmente simpática a recriação de uma paisagem marciana feita por Alves (que está no alto deste post). O texto e a curadoria são de Thais Rivitti, e a visita à mostra é gratuita. Confiram mais detalhes sobre locais e horários abaixo e boa viagem cósmica a todos!

Serviço:

Desse pálido ponto – Ricardo Alves
Data: de 14 de outubro a 5 de novembro
Horário: de terça a sexta-feira das 10h às 19h, aos sábados das 10h às 17h
Entrada: gratuita
Endereço: Galeria Sancovsky – Praça Benedito Calixto, 103, São Paulo – SP.
www.galeriasancovsky.com
(11) 3086 0784 | (11) 3086 0783

——————–

Visite o novo canal do blog no YouTube!

Conheça meus livros de divulgação científica

Conheça e curta a página do blog Darwin e Deus no Facebook

Quer saber quem sou? Confira meu currículo Lattes

Siga-me no Twitter ou no Facebook

]]>
0