Darwin e Deus https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br Um blog sobre teoria da evolução, ciência, religião e a terra de ninguém entre elas Mon, 15 Nov 2021 14:20:48 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Edições da Bíblia que ajudam a entender a história judaico-cristã https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2021/11/15/edicoes-da-biblia-que-ajudam-a-entender-a-historia-judaico-crista/ https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2021/11/15/edicoes-da-biblia-que-ajudam-a-entender-a-historia-judaico-crista/#respond Mon, 15 Nov 2021 14:20:48 +0000 https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/bíblia-armênia-320x213.jpg https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/?p=6679 Estamos de volta com um novo vídeo simples, porém eminentemente útil e prático: se você não está interessado no uso apenas devocional da Bíblia, mas quer usá-la para explorar os temas do blog, em especial a história do cristianismo e do judaísmo e os aspectos literários das Sagradas Escrituras, quais são as melhores edições por aí? Confira abaixo.

Listando rapidamente os exemplares comentados no vídeo:

1. Bíblia de Jerusalém, editora Paulus;

2. Bíblia Leitura Perfeita, Thomas Nelson Brasil;

3. Jewish Study Bible, Jewish Publication Society;

4. Jewish Annotated New Testament, Oxford University Press;

5. Os Evangelhos, trad. Marcelo Musa Cavallari, Ateliê Editorial;

6. Bíblia grega (três volumes por enquanto), trad. Frederico Lourenço, Companhia das Letras.

————–

Conheça o canal do blog no YouTube

Siga-me nas redes sociais: Facebook (do blog), Facebook (pessoal), Twitter, Instagram

Meu Currículo Lattes

]]>
0
Os grandes erros sobre as origens cristãs no best-seller O Código Da Vinci https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2021/05/17/os-grandes-erros-sobre-as-origens-cristas-no-best-seller-o-codigo-da-vinci/ https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2021/05/17/os-grandes-erros-sobre-as-origens-cristas-no-best-seller-o-codigo-da-vinci/#respond Mon, 17 May 2021 20:22:24 +0000 https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/files/2021/05/Lisa-muito-Mona-320x213.jpg https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/?p=6618 Dan Brown, o romancista americano autor de “O Código Da Vinci” e outros sucessos, gosta de dizer que seus livros são escritos com base em minuciosa pesquisa histórica, mesmo sendo ficção.

Cascata pura, gentil leitor. No novo vídeo do canal do blog no YouTube, falo das principais viajadas do autor sobre o tema das origens cristãs. Resumindo, o romance é um festival de distorções e invencionices.

Meu guia para afirmar isso é o livro do historiador americano Bart D. Ehrman, especialista em antigos manuscritos cristãos, chamado “Verdade e Ficção em O Código Da Vinci”. Confira no vídeo abaixo:

Eis as cinco grandes bobagens derrubadas por Ehrman:

1)Não, o imperador Constantino não foi o responsável por definir que Jesus era divino — essa ideia estava circulando desde os princípios do cristianismo e já era dominante na época de Constantino;

2)Também não foi Constantino o responsável por estabelecer os livros que seriam aceitos pela Bíblia oficial. Essa lista demorou vários séculos para ser concluída;

3)Existiam, sim, judeus celibatários no tempo de Jesus, como os membros da comunidade monástica de Qumran, no mar Morto;

4)Falando em mar Morto, os manuscritos encontrados lá são 100% judaicos e não informam quase nada sobre a origem do cristianismo;

5)O chamado documento Q não está escondido no Vaticano, simplesmente porque nunca foi encontrado até hoje, embora se imagine que ele tenha servido de fonte para os Evangelhos de Mateus e Lucas.

Para mais detalhes, é só pegar a pipoca e assistir ao vídeo! E não se esqueça de fazer sua inscrição e ativar as notificações!

————–

Conheça o canal do blog no YouTube

Siga-me nas redes sociais: Facebook (do blog), Facebook (pessoal), Twitter, Instagram

Meu Currículo Lattes

]]>
0
Resenha histórica do novo filme “Maria Madalena”, sem spoilers https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2018/04/09/resenha-historica-do-novo-filme-maria-madalena-sem-spoilers/ https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2018/04/09/resenha-historica-do-novo-filme-maria-madalena-sem-spoilers/#respond Mon, 09 Apr 2018 19:00:05 +0000 https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/marymagdalene-poster-a-320x213.jpg http://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/?p=4986 E aí, vale a pena assistir ao novo filme “Maria Madalena”? Nesta pequena resenha praticamente sem spoilers, aponto alguns detalhes históricos ou ligados aos textos cristãos primitivos que foram bem abordados pela narrativa cinematográfica. Bônus: explico resumidamente por que não é absurdo presumir que Jesus foi mesmo celibatário. Confira o vídeo.

Eis os principais pontos abordados:

1)De fato, a participação de mulheres no movimento religioso de Jesus de Nazaré foi algo que destoou de quase todo o judaísmo do século 1 e era chocante, como foi retratado no filme;

2)A tensão e rivalidade incipiente entre Pedro e Maria Madalena reflete o que os textos apócrifos dizem sobre eles (embora esses textos não retratem fatos históricos, eles falam de tensões que existiam dentro de grupos da Igreja primitiva do século 2 em diante);

3)Não há relacionamento sexual entre Jesus e Maria Madalena, o que foi um grande acerto da produção;

4)Por ser um adepto do judaísmo apocalíptico, para o qual o fim dos tempos estava prestes a ocorrer, Jesus provavelmente não se importava com casamento e filhos mesmo.

———————

Visite o novo canal do blog no YouTube!

Conheça meus livros de divulgação científica!

Conheça e curta a página do blog Darwin e Deus no Facebook

Quer saber quem sou? Confira meu currículo Lattes

Siga-me no Twitter ou no Facebook

]]>
0
Conheça o que a Bíblia e os Evangelhos apócrifos dizem sobre Maria Madalena https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2018/03/29/conheca-o-que-a-biblia-e-os-evangelhos-apocrifos-dizem-sobre-maria-madalena/ https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2018/03/29/conheca-o-que-a-biblia-e-os-evangelhos-apocrifos-dizem-sobre-maria-madalena/#respond Thu, 29 Mar 2018 18:31:18 +0000 https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/files/2018/03/Madalena-320x213.jpg http://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/?p=4979 Graças a “O Código Da Vinci”, muita gente já tem na cabeça a figura de Maria Madalena como esposa de Jesus. Os dados históricos, porém, traçam um retrato bem mais complicado dessa figura. É o que explico no vídeo de hoje no nosso canal do YouTube. Confira!

Um rápido resumo do que dizem os Evangelhos canônicos, os do Novo Testamento: Maria Madalena seria uma seguidora e financiadora de Jesus, originária da Galileia, que o seguiu até o momento da crucificação. Ela é também considerada uma das primeiras ou mesmo a primeira testemunha da ressurreição de Cristo.

Abaixo, as passagens dos Evangelhos apócrifos que li durante o vídeo.

Evangelho de Tomé:

“Simão Pedro disse a eles: ‘Maria tem de nos deixar, pois as mulheres não são dignas de viver””.

Jesus: “Eis que eu a guiarei para torná-la masculina, para que também ela se torne um espírito vivente, como vós, que sois homens. Pois toda mulher que se fizer homem entrará no Reino dos Céus”.

Evangelho de Filipe:

“Três mulheres sempre caminhavam com o Senhor: Maria, sua mãe, sua irmã [na verdade, em copta, o texto fala em “irmã dela”, mas parece ter sido um erro do copista], e Maria de Magdala, que é chamada de sua companheira. Pois ‘Maria” é o nome de sua irmã, de sua mãe e de sua companheira”

“A Sabedoria, que é chamada de estéril, é a mãe dos anjos. A companheira do [Salvador] é Maria de Magdala. O [Salvador amava-]a mais do que [todos] os discípulos, [e ele] a beijava com frequência na sua [boca]. Os outros [discípulos]… disseram a ele: ‘Por que a amas mais do que a todos nós?”. O Salvador respondeu-lhes, dizendo: ‘Por que não vos amo como a amo? Se um cego e alguém que enxerga estão ambos na escuridão, são iguais. Quando vem a luz, aquele que enxerga verá a luz, e o cego ficará na escuridão””.

Evangelho de Maria:

Os apóstolos, então, começam a se lamentar: “Como podemos ir até os gentios e pregar o evangelho do Reino do Filho do Homem? Se eles não o pouparam, como poderão poupar-nos?”.

Nesse momento de desânimo, a presença de Maria é fundamental, diz o texto. “Então Maria levantou-se e saudou a todos eles, dizendo a seus irmãos: ‘Não choreis nem lamenteis ou duvideis, pois a graça dele estará com todos vós e há de proteger-vos. Vamos louvar a grandeza dele, pois ele nos preparou e fez de nós seres humanos”. Quando Maria disse essas coisas, fez com que o coração deles se voltasse para o bem, e eles começaram a discutir as palavras do Salvador. Então Pedro disse a Maria: ‘Irmã, sabemos que o Salvador te amava mais do que às outras mulheres. Dize-nos as palavras do Salvador que recordas, aquelas que conheces e nós não conhecemos, já que não as ouvimos”. Maria respondeu: ‘Contar-vos-ei aquilo que foi ocultado de vós”.”

Quando ela para de falar, começa uma discussão. “André então respondeu e disse a seus irmãos: ‘Podeis dizer o que quiserdes sobre o que ela falou, mas eu não creio que o Salvador tenha dito essas coisas. Pois esses ensinamentos são, de fato, muito estranhos.””. Pedro aproveita a deixa para rebaixá-la: “Será que ele realmente falou com uma mulher em segredo, e não abertamente?”. O discípulo Levi, no entanto, sai em defesa de Maria, dizendo que Jesus a amava mais do que a todos eles. No fim do texto, os apóstolos (e a “apóstola”) parecem se reconciliar e saem dali para ir pregar o evangelho.

Confira reportagem minha na revista Superinteressante sobre o tema clicando aqui. 

———————

Visite o novo canal do blog no YouTube!

Conheça meus livros de divulgação científica!

Conheça e curta a página do blog Darwin e Deus no Facebook

Quer saber quem sou? Confira meu currículo Lattes

Siga-me no Twitter ou no Facebook

]]>
0
O veredicto final dos historiadores sobre a figura de Jesus https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2017/12/25/o-veredicto-final-dos-historiadores-sobre-a-figura-de-jesus/ https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2017/12/25/o-veredicto-final-dos-historiadores-sobre-a-figura-de-jesus/#respond Mon, 25 Dec 2017 21:15:21 +0000 https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/860px-Andrea_del_Verrocchio_Leonardo_da_Vinci_-_Baptism_of_Christ_-_Uffizi-151x180.jpg http://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/?p=4714 Depois de meses de atraso e vídeos aparentemente intermináveis, estamos concluindo a nossa série sobre a existência histórica de Jesus. O veredicto: um punhado de detalhes-chave dos Evangelhos e de outras fontes — origem judaica em Nazaré da Galileia, batismo no rio Jordão e crucificação — só fazem sentido se forem históricos. Desculpaí, mas Jesus existiu.

——

Visite o novo canal do blog no YouTube!

Conheça meus livros de divulgação científica!

Conheça e curta a página do blog Darwin e Deus no Facebook

Quer saber quem sou? Confira meu currículo Lattes

Siga-me no Twitter ou no Facebook

]]>
0
Jesus existiu? As pistas das fontes cristãs https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2017/12/22/jesus-existiu-as-pistas-das-fontes-cristas/ https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2017/12/22/jesus-existiu-as-pistas-das-fontes-cristas/#respond Fri, 22 Dec 2017 15:14:22 +0000 https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/montanha-1-160x180.jpg http://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/?p=4702 Um pouquinho atrasados, começamos os especiais natalinos do blog e do nosso canal no YouTube retomando uma discussão que deu pano pra manga meses atrás e agora será concluída: o que leva a esmagadora maioria dos historiadores a acreditar que Jesus de Nazaré realmente existiu? Hoje, vamos examinar as fontes cristãs do século 1º d.C., que estão contidas no Novo Testamento. Confira o vídeo abaixo. Ao longo do post, também disponibilizamos os vídeos anteriores da série.

Prêambulo sobre a questão da historicidade de Jesus

Um resumo extremamente veloz da discussão é o seguinte: sim, existem múltiplas fontes históricas independentes (no sentido de que uma não copiou a outra, não no sentido de “independência jornalística”, isenção ou objetividade, claro) atestando a existência histórica de Cristo no Novo Testamento.

Textos pagãos sobre Jesus foram forjados?

Essas fontes, é claro, foram escritas com objetivos teológicos e religiosos: seus autores queriam convencer seus leitores e ouvintes que Jesus de Nazaré era o Messias, o Filho de Deus. Mas isso não significa que elas não contenham informações históricas importantes, assim como outros textos da Antiguidade, apesar de incluírem crenças religiosas e no sobrenatural, também são fontes importantes sobre sua época (como as narrativas de Heródoto de Halicarnasso, historiador do século 5º a.C. que é a principal fonte sobre as grandes guerras entre gregos e persas).

Paulo criou o mito de Jesus?

A tensão entre unidade e diversidade fortalece a ideia de que os textos do Novo Testamento trazem informações sobre um personagem de carne e osso chamado Jesus. Ao mesmo tempo, há pontos importantíssimos em comum entre eles, como aspectos da pregação e da condenação à morte de Cristo, e aspectos muito diferentes, tanto literários quanto de conteúdo e teológicos, que dificilmente poderiam derivar de um único autor.

Faz muito mais sentido imaginar que eles são respostas diferentes, no tempo e no espaço, ao mesmo fenômeno: a criação de um movimento religioso judaico por Jesus e seus discípulos por volta do ano 30 d.C. e o avanço desse movimento pelas cidades do Império Romano ao longo das décadas seguintes.

——

Visite o novo canal do blog no YouTube!

Conheça meus livros de divulgação científica!

Conheça e curta a página do blog Darwin e Deus no Facebook

Quer saber quem sou? Confira meu currículo Lattes

Siga-me no Twitter ou no Facebook

]]>
0
A cidade dos 3 apóstolos? https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2017/08/08/a-cidade-dos-3-apostolos/ https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2017/08/08/a-cidade-dos-3-apostolos/#respond Tue, 08 Aug 2017 14:29:49 +0000 https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/files/2017/08/betsdaida-180x88.jpg http://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/?p=4419 Betsaida, a antiga cidade judaica na qual teriam nascido três dos 12 apóstolos (Pedro, André e Filipe), perto de onde Jesus teria realizado o célebre milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, foi identificada nas margens do mar da Galileia, segundo um grupo de arqueólogos israelenses liderados por Mordechai Aviam, da Faculdade Kinneret.

As informações são do jornal israelense “Haaretz”. Segundo Aviam, a peça do quebra-cabeças que faltava para identificar Betsaida acaba de ser desenterrada por sua equipe: restos de uma casa de banhos do período inicial do domínio do Império Romano na região (do século 1º ao século 3º d.C.), bem como cacos de cerâmica dessa época e algumas moedas, entre elas um denário de prata datado do reinado do imperador Nero (em torno do ano 65 d.C.). Ironicamente, a tradição cristã diz que Nero foi o responsável por ordenar a execução do próprio Pedro em Roma.

A informação de que Betsaida era a cidade natal dos irmãos Pedro e André e também do apóstolo Filipe vem do Evangelho de João; por outro lado, a associação entre o local e o milagre da multiplicação dos pães aparece de forma mais clara no Evangelho de Lucas.

Acredita-se que a cidade, originalmente um vilarejo de pescadores, teria ganhado obras públicas, como a casa de banhos, durante o governo de Filipe, filho do temido rei Herodes, o Grande. Para homenagear a esposa do imperador romano Augusto, Filipe teria rebatizado a cidade, dando-lhe o nome oficial de “Julias”.

A identificação do local com a Betsaida dos apóstolos só não é 100% segura porque há algumas divergências entre as informações do Novo Testamento e as trazidas pelo historiador judeu Flávio Josefo. É que os evangelistas da Bíblia localizam Betsaida na região da Galileia, terra onde Jesus cresceu, do lado oeste do mar, enquanto Josefo considera que a cidade pertencia à Gaulanítide, do lado leste do mar da Galileia. É concebível que existissem duas localidades com o nome de Betsaida naquela época.
——————–

Visite o novo canal do blog no YouTube!

Conheça meus livros de divulgação científica

Conheça e curta a página do blog Darwin e Deus no Facebook

Quer saber quem sou? Confira meu currículo Lattes

Siga-me no Twitter ou no Facebook

]]>
0
Paulo inventou o mito de Jesus? https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2017/04/16/paulo-inventou-o-mito-de-jesus/ https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2017/04/16/paulo-inventou-o-mito-de-jesus/#respond Sun, 16 Apr 2017 05:09:54 +0000 https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/files/2017/04/Bartolomeo_Montagna_-_Saint_Paul_-_Google_Art_Projectmio-e1492316943652-180x63.jpg http://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/?p=4201 Será que os textos mais antigos do Novo Testamento, como as cartas do apóstolo Paulo e o Evangelho de Marcos, indicam que Jesus não foi um ser humano real, mas simplesmente um mito criado pelos primeiros cristãos como base para uma nova seita mística? Essa, em resumo, é a tese do livro “Nailed” (um trocadilho com as palavras em inglês para “pregado” e “resolvido”), escrito pelo historiador e ativista ateu americano David Fitzgerald. Confira o vídeo sobre a obra.

A obra de Fitzgerald é a primeira da corrente miticista (ou seja, dos historiadores que defendem que Jesus não foi uma pessoa real, mas apenas uma figura mítica) a chegar ao Brasil. Uma reportagem minha na edição deste domingo de Páscoa da Folha aborda o livro. No vídeo, explico os principais argumentos de Fitzgerald e conto por que, embora o autor tenha tentado fazer um trabalho sério, a tese dele não se sustenta nem de longe, na minha opinião — e na opinião da imensa maioria dos historiadores do cristianismo primitivo.

Você pode saber mais sobre os temas discutidos no vídeo lendo o meu livro “Deus: Como Ele Nasceu”, cuja versão ebook custa apenas R$ 9,90 e está entre os mais vendidos da Amazon.

Para os que se interessaram pela versão brasileira do livro “Nailed”, de David Fitzgerald, basta clicar aqui para conferir o ebook.

Para quem não viu, esta é a parte 1 dos nossos vídeos especiais de Semana Santa:

E esta é a parte 2:

Este post mais antigo traz um resumão dos argumentos pró e contra a historicidade de Jesus Cristo numa série de textos do blog.

Em síntese, os principais argumentos de Fitzgerald para defender a tese do Cristo mítico são:

1)A falta de documentação sobre Jesus nos historiadores antigos não cristãos;

2)Contradições nos relatos cristãos dentro e fora do Novo Testamento;

3)O “silêncio de Paulo”, termo usado para designar o fato de que o apóstolo, autor dos mais antigos textos cristãos, não fala quase nada da vida e dos ensinamentos de Jesus, enfatizando apenas a crucificação e a ressurreição;

4)Elementos do Evangelho de Marcos, o mais antigo, que indicariam que ele seria uma alegoria baseada no Antigo Testamento.

Na verdade, nada disso é conclusivo, como explico no vídeo.

—————————

Visite o novo canal do blog no YouTube!

Conheça meus livros de divulgação científica

Conheça e curta a página do blog Darwin e Deus no Facebook

Quer saber quem sou? Confira meu currículo Lattes

Siga-me no Twitter ou no Facebook

]]>
0
Textos sobre Jesus foram forjados? https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2017/04/14/textos-sobre-jesus-foram-forjados/ https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2017/04/14/textos-sobre-jesus-foram-forjados/#respond Fri, 14 Apr 2017 09:49:43 +0000 https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/files/2017/04/Nero_Agrippina_aureus_54-180x88.png http://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/?p=4193 Afinal, será que historiadores e cronistas não cristãos do século I d.C. chegaram a mencionar Jesus ou os textos que chegaram até nós são apenas fraude deslavada? No vídeo abaixo, o segundo de nossa minissérie da Semana Santa, vamos examinar em detalhes três exemplos dessas menções. O consenso entre os historiadores é que pelo menos duas delas são autênticas, o que indicaria que Jesus, embora não fosse nem de longe famoso ou importante naquele momento, era visto como um personagem real, e não como um simples mito. Confira.

Mais informações sobre o tema você encontra no meu livro “Deus: Como Ele Nasceu”, que custa apenas R$ 9,90 na versão ebook.

Você pode conferir também o primeiro vídeo da série abaixo.

Este post mais antigo do blog reúne boa parte dos temas que estamos abordando nos vídeos.

E, para finalizar, coloco abaixo os textos originais que estamos examinando nos vídeos.

O primeiro é uma passagem do livro “Antiguidades Judaicas”, de Flávio Josefo:

“Sendo portanto esse tipo de pessoa, Hananias, pensando ter uma oportunidade favorável, pois que Festo havia morrido e Albino ainda estava a caminho [ou seja, os governadores romanos estavam na fase de “troca de guarda” na Judeia], convocou uma assembleia de juízes e colocou diante dela o irmão de Jesus, o chamado Cristo, de nome Tiago. Acusou-o de ter transgredido a lei e o entregou para ser apedrejado.”

O segundo, também de “Antiguidades Judaicas”, primeiro na versão adulterada por cronistas cristãos, com trechos suspeitos marcados em negrito:

“Por esse tempo apareceu Jesus, um homem sábio — se na verdade se pode chamá-lo de homem. Pois ele foi o autor de feitos surpreendentes, um mestre de pessoas que recebem a verdade com prazer. E ele ganhou seguidores tanto entre muito judeus quanto entre muitos de origem grega. Ele era o Cristo. E quando Pilatos, por causa de uma acusação feita por nossos homens mais proeminentes, condenou-o à cruz, aqueles que o haviam amado antes não deixaram de amá-lo. Pois ele lhes apareceu no terceiro dia, novamente vivo, exatamente como os profetas divinos haviam falado deste e de incontáveis outros fatos assombrosos sobre ele. E até hoje a tribo dos cristãos, que deve esse nome a ele, não desapareceu.”

E finalmente a mesma passagem, na versão restaurada, que poderia ser a original:

“Por esse tempo apareceu Jesus, um homem sábio. Pois ele foi o autor de feitos surpreendentes, um mestre de pessoas que recebem a verdade com prazer. E ele ganhou seguidores tanto entre muito judeus quanto entre muitos de origem grega. E quando Pilatos, por causa de uma acusação feita por nossos homens mais proeminentes, condenou-o à cruz, aqueles que o haviam amado antes não deixaram de amá-lo. E até hoje a tribo dos cristãos, que deve esse nome a ele, não desapareceu.”

Temos ainda este texto do livro “Anais”, do historiador romano Tácito:

“Assim, para fazer calar o rumor [de que ele tinha mandado colocar fogo na cidade], Nero criou bodes expiatórios e expôs às torturas mais refinadas aqueles que o povo chamava de cristãos, um grupo odiado por seus crimes abomináveis. Seu nome deriva de Cristo, que, durante o reinado de Tibério, tinha sido executado pelo procurador Pôncio Pilatos. Sufocada por um tempo, a superstição mortal irrompeu novamente, não apenas na Judeia, terra onde se originou esse mal, mas também na cidade de Roma, onde todos os tipos de práticas horrendas e infames de todas as partes do mundo se concentram e são fervorosamente cultivadas.”

Analiso todos esses textos no vídeo mas, resumindo a ópera, a maioria dos especialistas hoje considera que pelo menos o texto mais curto de Josefo e o de Tácito podem ser usados como evidência histórica da existência de Jesus. Já o texto mais longo de Josefo em geral é visto como uma menção neutra, não elogiosa, à figura de Cristo, que teria sido adulterada por copistas cristãos mais tarde, embora uma minoria significativa de historiadores defenda que a passagem foi totalmente inventada desde o princípio.

—————————

Visite o novo canal do blog no YouTube!

Conheça meus livros de divulgação científica

Conheça e curta a página do blog Darwin e Deus no Facebook

Quer saber quem sou? Confira meu currículo Lattes

Siga-me no Twitter ou no Facebook

]]>
0
Jesus, arqueologicamente invisível https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2017/04/12/jesus-arqueologicamente-invisivel/ https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2017/04/12/jesus-arqueologicamente-invisivel/#respond Wed, 12 Apr 2017 12:59:52 +0000 https://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/files/2017/04/JamesOssuaryInscription-1--e1492001702815-180x41.jpg http://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/?p=4184 Atendendo a pedidos do pessoal que assiste ao canal do blog no YouTube e tentando dissipar as eternas dúvidas sobre o tema, começo uma minissérie de vídeos de Semana Santa sobre as dúvidas a respeito da existência histórica de Jesus. Afinal, há alguma base por trás da tese que afirma que Jesus Cristo foi apenas um mito inventado pelos primeiros cristãos? Confira o vídeo!

Você pode ler muito mais a respeito no meu livro “Deus: Como Ele Nasceu”, que custa apenas R$ 9,90 na versão eletrônica.

Neste episódio, falo de três temas: 1)a invisibilidade arqueológica de Jesus; 2)a razão pela qual os aspectos míticos que o circundam não são motivo suficiente para dizer que ele não existiu; 3)por que eu acho que todo mundo, tanto religiosos quanto ateus, têm problemas de objetividade para abordar o tema.

Este post antigo do blog reúne todos os textos que eu tinha publicado sobre o tema por aqui até então, caso você se interesse em dar uma olhada.

Como bônus, para quem não é grande fã de vídeo, coloco abaixo um trechão de um dos capítulos do meu livro, explicando mais ou menos as mesmas coisas que abordei no YouTube.

————————

Eu disse que é verdade que não há evidências arqueológicas da existência de Jesus, não é? Pois é, disse, mas tal fato indiscutível é, no fundo, irrelevante. Se os historiadores atuais decidissem fazer uma espécie de censo do Império Romano, colocando na “relação de moradores” oficial da região apenas os sujeitos que deixaram um testemunho físico direto de sua existência, os domínios de Roma pareceriam mais despovoados que o Saara.

E isso vale para a Antiguidade como um todo. A situação no auge do Império Romano talvez seja um pouco melhor porque, além da elite política e econômica, a qual, em qualquer época, tem mais probabilidade de deixar traços diretos de sua passagem pela terra, havia uma considerável “classe média” urbana – pequenos comerciantes prósperos, artesãos relativamente abastados, escravos libertos (no Brasil colonial a gente diria “alforriados”) que viravam administradores dos bens de seus ex-senhores etc. Esse povo todo, querendo registrar de algum modo sua ascensão social, muitas vezes deixava pequenos monumentos retratando sua vida, em geral nas sepulturas – pequenas esculturas retratando seu cotidiano no açougue/curtume/olaria, homenagens a um filho ou a uma esposa querida que morreu cedo mais etc.

Tais artefatos muitas vezes tinham nome e sobrenome dos defuntos, permitindo que, de fato, a gente possa dizer “isto aqui é evidência arqueológica de que Fulanus de Talis existiu”.

Beleza, mas esse não parece ter sido o caso da maioria esmagadora das pessoas que viviam sob o domínio de Roma, basicamente uma massa de camponeses que correspondia a algo entre 90% e 95% da população. Esse povo todo não sabia escrever, raramente tinha acesso à escrita por meio de escribas (custava caro) e tampouco contava com o dinheiro necessário para construir um monumento funerário, ao contrário do ex-escravo cheio da grana dono da Casa de Carnes Coliseu lá na capital imperial. (O Coliseu foi construído depois da morte de Jesus, mas é só para efeito ilustrativo, certo?)

Ocorre que Jesus era um desses sujeitos aparentemente destinados ao eterno anonimato, um membro dos “90% que sobram”. Não há motivos para duvidar que ele tenha crescido em Nazaré, um vilarejo de 200 almas na zona rural da Galileia, tão insignificante que nem chega a ser mencionado no Antigo Testamento ou em outros textos judaicos não cristãos. Por mais que ele tenha atraído multidões de seguidores ocasionalmente (e isso pode ser apenas um exagero desculpável da parte dos evangelistas), o núcleo de seus companheiros muito provavelmente era formado por camponeses iletrados como ele (segundo a tradição, vários desses discípulos, como Pedro, Tiago e João, eram pescadores). O próprio Jesus era uma espécie de pau para toda obra: o termo grego dos Evangelhos que normalmente traduzimos como “carpinteiro” engloba, na verdade, também as funções de pedreiro – “construtor” talvez fosse um equivalente mais preciso.

Gente dessa extração social na Judeia do século 1º d.C. simplesmente não deixava muita coisa de herança, e certamente nada que não fosse de tecido, palha ou madeira – portanto, perecível em poucos anos. Também é bastante difícil imaginar que os discípulos e a família de Cristo teriam tido dinheiro suficiente para comprar um túmulo na rocha e um ossuário (espécie de caixão feito de pedra onde se depositavam os ossos do defunto depois que o corpo se decompunha), conforme um documentário sensacionalista afirmou alguns anos atrás, com a suposta descoberta da “tumba de Jesus”. Deixando de lado por um momento a crença ferrenha dos seguidores do Nazareno em sua ressurreição (tema complicadíssimo ao qual precisamos voltar com cuidado depois), é historicamente improvável até imaginar que Cristo recebeu um enterro digno, porque essa não era a praxe quando o morto era um condenado à crucifixão. (Nesses casos, o mais comum era deixar o corpo na cruz por um tempo, às vezes exposto a aves carniceiras e a cães, e depois jogar o que sobrava numa vala comum.)

Resumo da ópera: não é por falta de evidências arqueológicas diretas que se deve negar a existência de um personagem da Antiguidade. A mesma falta de evidências vale para inúmeras outras figuras importantes do mundo antigo, e ninguém usa isso como argumento para dizer que elas não passam de mitos. OK, temos moedas nas quais estão estampadas as fuças dos Césares ou de Alexandre, o Grande, mas ninguém nunca achou o capacete ou a lança de Leônidas, o rei de Esparta que morreu enfrentando os persas em 480 a.C. Sua existência é inferida a partir de um punhado de textos antigos, tal como a de Jesus – e o primeiro deles foi escrito 40 anos depois da morte de Leônidas, mais ou menos a distância temporal que também separa a crucificação do Nazareno de suas mais antigas “biografias”, os Evangelhos.

Sem o recurso de examinar as chamadas fontes literárias (jeito elegante de dizer “texto velho”), fica impossível estudar a Antiguidade. Claro que isso tem de ser feito com critério e rigor, mas não se deve levar o ceticismo a ultrapassar os limites do que é razoável só porque aspectos sobrenaturais parecem cercar a carreira de Jesus (até porque quase todos os grandes líderes do mundo antigo pareciam funcionar como “ímãs” de histórias sobrenaturais conforme sua história ia sendo recontada e reinterpretada).

Já que toquei no assunto dos detalhes sobrenaturais ou míticos presentes nas narrativas sobre Jesus e outras figuras da Antiguidade que chegaram até nós, acho que é o caso de encarar outra crítica tradicional dos que acham que o profeta de Nazaré nunca existiu. Trata-se da ideia de que o “mito de Jesus” não passa de plágio de outros mitos mais antigos, como mencionei rapidamente há pouco. Afinal, argumentam os defensores da ideia, assim como outros deuses do antigo Oriente Próximo (Baal e Osíris, por exemplo), Jesus também morre e ressuscita; assim como Buda, ele também é tentado pelas forças do mal antes de iniciar sua missão espiritual; e por aí vai.

Bem, esse tipo de crítica tem dois problemas consideráveis, um de simples lógica, outro mais factual. O primeiro eu já esbocei no penúltimo parágrafo: essas histórias maravilhosas são contadas a respeito de figuras perfeitamente humanas do mundo antigo, como Augusto e Alexandre Magno. A reação natural das pessoas diante de seres humanos que se celebrizam parece ter sido transformá-los em seres heroicos e, muitas vezes, divinos. (Ou você acha que essa conversa de “Elvis não morreu, só foi dar um passeio pela galáxia com os ETs” é uma esquisitice exclusivamente moderna?)

Não é porque alguém conta coisas inacreditáveis a respeito de determinado sujeito que as coisas críveis a respeito do mesmo sujeito não aconteceram. Do ponto de vista estritamente racional, a trajetória de Jesus, conforme narrada pelos evangelhos, tem muitas coisas aparentemente incríveis, mas também muitas que fazem sentido do ponto de vista puramente terreno. As primeiras necessariamente têm de ficar no plano da fé (ou da descrença, dependendo das suas preferências filosóficas e religiosas), mas as últimas podem ser checadas com as mesmas ferramentas que os historiadores usam para estudar situações mais prosaicas.

Quanto ao problema factual que mencionei, a questão crucial é evitar jogar o bebê fora junto com a água da bacia, como se diz em inglês. Vários especialistas respeitados já apontaram, por exemplo, as semelhanças entre certos milagres de Jesus, como a multiplicação dos pães, a cura de leprosos e a ressureição dos mortos (no caso não a do próprio Cristo, mas sim sua capacidade de ressuscitar outras pessoas que morreram, como seu amigo Lázaro no Evangelho de João) e os milagres que teriam sido realizados no antigo reino de Israel, no século 9º a.C., pelos profetas Elias e Eliseu. Há quem diga que as semelhanças são tantas que mostrariam que não há base histórica nenhuma para os supostos feitos de Jesus – eles seriam mera recriação literária dos textos do Antigo Testamento.

Pode ser – o mais lógico talvez seja examinar caso a caso cada um dos milagres para ver se os paralelos são tão fortes assim a ponto de sugerir “plágio”. De qualquer modo, mesmo que essas influências literárias tenham sido preponderantes para moldar a maneira como os evangelistas relatam os milagres realizados por Cristo, isso não deveria ser usado como argumento indiscutível contra a ideia de que Jesus atuava como profeta milagreiro ou exorcista. (Note bem: com isso, refiro-me ao fato de que as pessoas da época podem muito bem ter acreditado que Jesus realizava curas milagrosas e expulsava demônios. Se essas coisas realmente aconteciam é uma outra discussão, que nada tem a ver com a história propriamente dita, e sim com pressupostos filosóficos sobre o que é ou não é possível no Universo.) Afinal de contas, temos outros relatos sobre figuras carismáticas da Antiguidade que pareciam realizar curas e enfrentar espíritos maus – alguns deles judeus que viveram poucos anos depois de Jesus, outros pagãos. São dados que se encaixam dentro do ambiente cultural da Antiguidade e, portanto, podem muito bem ser históricos.

—————————

Visite o novo canal do blog no YouTube!

Conheça meus livros de divulgação científica

Conheça e curta a página do blog Darwin e Deus no Facebook

Quer saber quem sou? Confira meu currículo Lattes

Siga-me no Twitter ou no Facebook

]]>
0