Morte e impostos
A crença na eternidade, apesar de efeitos colaterais como a Inquisição e os homens-bomba, teve um papel civilizatório importante ao longo da história do Ocidente, controlando a violência, argumenta o historiador cubano-americano Carlos Eire, 62, da Universidade Yale (EUA).
Apesar da vastidão do tema, Eire decidiu contar sua trajetória na cultura ocidental nas pouco mais de 300 páginas de “Uma Breve História da Eternidade”, que está saindo no Brasil pelo selo Três Estrelas, do Grupo Folha.
Num passeio que vai de Platão à cosmologia do Big Bang, o pesquisador explora não só o impacto teológico e filosófico das ideias sobre a eternidade como também seus surpreendentes impactos financeiros – boa parte da economia das potências católicas da Era dos Descobrimentos, como a Espanha, por exemplo, provavelmente girava em torno do cuidado com a “saúde” dos mortos no além, calcula ele.
Eire foi para os Estados Unidos aos 11 anos de idade, como uma das 14 mil crianças cubanas levadas por via aérea ao país durante a chamada Operação Peter Pan, motivada por rumores de que o governo de Fidel Castro levaria meninos e meninas para campos de trabalho soviéticos. Falei com ele por Skype na semana passada (um textinho resumindo ferrenhamente a conversa saiu no caderno “Ilustrada” deste sábado — abaixo coloco a conversa praticamente na íntegra). Durante nosso papo, Eire elogiou os primeiros movimentos do papa Francisco, disse que Raúl Castro está se mostrando um líder ainda mais repressor do que Fidel em Cuba e afirmou que entender antigas heresias cristãs pode trazer insights importantes sobre o mundo moderno. Confira.
Por coincidência, antes de ler seu livro, eu tinha lido a obra mais recente do psicólogo evolucionista Steven Pinker. O contraste é interessante porque, enquanto o sr. argumenta que a diminuição da crença na eternidade favoreceu o aumento da violência, Pinker diz exatamente o contrário. Quem está certo, afinal? Ou há forças opostas agindo?
Carlos Eire – No fundo eu acho que é praticamente impossível provar esse tipo de relação de causalidade entre crenças e comportamento. Quer dizer, que tipo de dados você precisa ter para conseguir provar isso? Depende muito, é claro, da cultura da qual você está falando. No caso do islamismo fundamentalista, talvez ele tenha razão, mas…
Ele está se referindo ao Ocidente moderno mesmo, nos últimos 500 anos ou 200 anos.
Bem, no caso do Ocidente, acho um pouco difícil quantificar isso. Uma coisa é falar de 200 anos. Mas, se você olhar para o longo prazo, nos últimos mil anos desde o século 10o, a crença na eternidade, que eu acho bastante difícil de separar do cristianismo, ajudou a criar um tipo de sociedade na qual a violência era mais controlada. E isso valeu, de uma forma ou de outra, até o século 20, quando alguma coisa acontece e temos a Primeira Guerra Mundial e a Segunda Guerra Mundial, nas quais esses controles parecem desaparecer, e a crença na eternidade diminui em paralelo a esse fenômeno.
Na sua opinião, isso vale mesmo quando consideramos coisas como a Inquisição e as guerras religiosas na Europa do século 17? Essas são as coisas que o movimento ateu gosta de citar…
Claro que eles adoram fazer isso, é uma ótima flecha no arsenal deles. Mas isso é só parte do quadro. Durante o Império Romano, as pessoas costumavam ir até a arena para assistir outras pessoas se matando. A vida era barata e, de certa forma, sem valor. Talvez seja demais dizer que o cristianismo e a crença na eternidade causaram o fim dos combates de gladiadores, mas faz bastante sentido. Mesmo na Idade Média, havia uma forma controlada de violência.
Isso começa a se esfacelar com a Reforma protestante – a Guerra dos 30 anos [conflito que, inicialmente, opôs protestantes e católicos na Europa a partir de 1618] é um exemplo disso. E a partir daí parece haver um declínio progressivo da crença na eternidade até as guerras do século 20.
Em seu livro, o sr. fala da ênfase renovada em rituais como missas e orações pelos mortos adotada pela Igreja Católica depois da Reforma. Mas no século 20, em especial depois do Concílio Vaticano 2o, que buscou modernizar uma série de aspectos do catolicismo, isso não muda consideravelmente?
Isso é muito curioso. Oficialmente, nada mudou. O que mudou é que a cultura da maioria dos católicos se transformou de tal maneira que o cuidado com os mortos, por assim dizer, deixou de ser enfatizado. Uma das coisas chocantes nesse sentido foi, na segunda metade do século 20, quando a Igreja Católica passou a aceitar a cremação – uma mudança enorme no magistério católico que simplesmente aconteceu. Lembro-me do caso do filho do presidente John Kennedy, membro de uma família católica, que morreu num acidente aéreo – suas cinzas foram espalhadas no mar com um padre presente. Hoje, os católicos podem ser enterrados em qualquer lugar.
E é raro ouvir menções ao Purgatório nas missas hoje, certo?
Sim, acho que a última vez que ouvi alguém falar do Purgatório na missa foi em 1960. As pessoas ainda pagam por missas em favor dos mortos, claro, e a crença ainda é parte do magistério oficial, mas na prática não se presta mais atenção a isso. É comum que exista esse atraso entre as mudanças na cultura e o que o centro da religião, o papado ou os concílios, levam em consideração.
É verdade que em Yale o sr. ministra um curso chamado “Heresias Essenciais”? O que são heresias essenciais para o sr.?
Bem, a primeira coisa que fazemos na aula é abordar Jesus como um herético judaico, como o defensor de uma forma bastante peculiar de judaísmo – a crença na ressurreição dos mortos, que estava longe de ser aceita por todos os judeus na época dele e, claro, acaba se tornando a crença central do cristianismo.
Também falamos de outro tipo de heresia que reaparece ao longo de vários séculos. Trata-se da ideia de que o mundo material é mau, que na prática este mundo é o inferno, e que o propósito de quem quer se salvar é escapar deste mundo. É o que vemos no caso dos gnósticos nos primeiros séculos do cristianismo e, durante a Idade Média, os albigenses e os cátaros.
Também falamos das heresias que acabaram se tornando dominantes. É o caso da própria Reforma protestante, que desencadeia uma gama ampla de ideias que inicialmente só podiam ser vistas como heréticas, o pensamento de Galileu e de Darwin, e até uma heresia estética, digamos, que é o impressionismo.
E, no caso das heresias do mundo antigo e medieval, que parecem ter como centro ideias teológicas completamente abstrusas para pessoas de hoje, o sr. acha que há algo a aprender com elas?
Sim, com certeza. Tomemos o caso dos gnósticos, por exemplo, para quem o mundo era mau e o importante é escapar dele. Já encontrei alguns ambientalistas que parecem ter uma visão invertida desse tipo de pensamento, segundo o qual os seres humanos é que são maus e que a Terra ficaria muito melhor sem nós. Não sei se você já viu alguns documentários que mostram como o planeta ficaria se o ser humano deixasse de existir. Você vê certo deleite em relação à ideia de uma Terra purificada que lembra o pensamento gnóstico.
Como o sr. tem visto as primeiras semanas do papa Francisco? Muita gente parece empolgada com ele, mas alguns católicos tradicionalistas não reagiram nada bem a certas atitudes do novo pontífice…
Neste momento, ele é uma anomalia, não só pelo fato de vir da Argentina, mas também por ser um jesuíta, que tem de lidar com o superior-geral dos jesuítas [chefe global da Companhia de Jesus], o que é uma situação inédita e paradoxal. Afinal, um jesuíta faz votos de obediência absoluta ao papa e ao superior-geral de sua ordem, mas o que acontece quando um jesuíta que não é o superior-geral se torna papa?
Sinto que ele pode ser uma verdadeira lufada de ar fresco em atitudes como seu desdém pela riqueza e sua humildade. O que ele fez ao lavar os pés daqueles prisioneiros, incluindo mulheres, foi fantástico.
Os católicos conservadores que ficaram chocados com isso são uma minoria minúscula, que praticamente não conta, mas a imprensa americana e europeia amplificou essas reações, assim como as alegações sobre os elos entre o papa e a ditadura argentina nos anos 1970, as quais também parecem ter caído por terra.
O compromisso com a pobreza e com os pobres é importantíssimo. Mas temos de levar em conta que ele tem 76 anos. Diferentemente de João Paulo 2o, que foi eleito na casa dos cinquenta anos e justamente por isso conseguiu mudar a Igreja, por ter sido papa por tanto tempo, o papa Francisco talvez tenha, no máximo, uns dez anos pela frente. Vai depender muito da saúde dele.
Alguns diriam, inclusive na Igreja brasileira, que o foco em questões sociais, deixando questões espirituais de lado, é uma das razões da perda de fiéis na América Latina.
Acho difícil colocar isso em números. As pessoas se desiludem com o catolicismo por todo tipo de razão. Por outro lado, muitos acabam procurando os evangélicos por causa do compromisso social, por causa do forte componente social nessas igrejas. Não dá para ficar isolado no seu canto, você é sempre parte de um grupo mais coeso de pessoas. Aqui nos EUA, quando você vai a uma igreja protestante pela primeira vez, sempre fazem você ficar de pé e se apresentar. Numa paróquia católica, você tende a entrar e sair de forma mais anônima.
Também não acho que a preocupação com a justiça social seja só algo típico da Igreja latino-americana. Meu filho mais novo estava tentando ser aceito na faculdade e visitou várias universidades católicas aqui. E uma exigência delas era que todo aluno deveria realizar serviços comunitários, além de listar a justiça social como um dos objetivos da universidade.
E quanto às questões de comportamento sexual, a velha lista: celibato clerical, ordenação de mulheres, anticoncepcionais, aborto, homossexualidade? Elas não desempenham um papel mais importante no afastamento dos fiéis, na sua opinião?
Acho que a Igreja sempre foi, em um nível considerável, contracultural – ou seja, oposta ao “mundo”, como se diz. Como católico, concordo com a ideia de que a Igreja não está aqui para simplesmente seguir a corrente. No meu tempo de vida, eu esperaria mudanças como o sacerdócio de homens casados, talvez algum relaxamento em relação aos contraceptivos, mas não mais que isso.
No caso do clero casado, temos precedentes históricos. Mas, quando falamos de aborto, a questão envolve a visão que se tem sobre a santidade da vida humana, o que é muito mais complicado.
Como o sr. vê a situação política atual em Cuba, e quais suas esperanças, ou talvez seus medos, para o futuro do país?
Em primeiro lugar, os ponteiros do relógio continuam correndo. Raúl [Castro] está se mostrando pior do que Fidel em vários aspectos. As chamadas reformas não passam de tentativas de manter as coisas como estão e até de aumentar o controle sobre a população, então não vejo muita esperança quando penso nelas.
Por outro lado, estou começando a ver coisas que podem ser rachaduras das grandes, erros estúpidos parecidos com os que a União Soviética cometia em seus últimos anos. Acho que o caso da visita da [blogueira e ativista] Yoani Sánchez ao Brasil foi um desses erros, porque eles organizaram protestos contra ela e a coisa saiu totalmente pela culatra. Nem consigo entender por que a deixaram sair, porque tem havido mais prisões de dissidentes e negações de visto em Cuba atualmente do que em toda a última década.
Por outro lado, no caso das chamadas reformas econômicas, será que se um número suficiente de estrangeiros comprar propriedades em Cuba algo pode acontecer? Não sei, até porque você precisa ser muito corajoso ou muito estúpido para comprar propriedades em Cuba, um lugar onde a propriedade privada nem está definida legalmente, a rigor. Para mim, a parte mais sombria da história é que a imensa maioria dos cubanos não pertence à oligarquia que governa o país e ganha 20 dólares por dia, então eles não podem comprar casas ou fazer empréstimos em bancos.
O fato é que, quando Raúl morrer, tudo vai mudar – e ele vai morrer logo, mesmo que viva cem anos. O que acontece depois, no entanto, é difícil de saber.
Vou dizer, no entanto, o que eu não quero ver: não quero ver outro Vietnã ou outra China. Espero que aconteça uma grande mudança.
Que figura! A crença na eternidade faz com que as pessoas fiquem menos violentas. Não entendi da onde o autor tirou isso. Podemos concluir então que o iluminismo promove a violência pq as pessoas não tem mais medo do juízo final. Desculpe Reinaldo mas essa é a maior besteira que eu ouvi esse ano. E olha que eu tenho lido muitos comentários de criacionistas.
Não acho que somos mais violentos hoje apenas vivemos em um mundo tecnológico em que as diferenças entre os povos ficam mais evidentes e os meios para ataques terroristas, por exemplo, são mais acessíveis.
Na verdade acho que a compaixão humana atualmente nunca foi tão exacerbada. Não sou otimista mas acho que em nenhuma outra época a humanidade se importou tanto com o próximo, e mesmo com os animais e com o meio ambiente, como nos dias de hoje. Nesse ponto o mundo evoluiu bastante. Só não acho que foi por conta da religião. Os avanços da moral ocidental estão sempre à frente da religião, basta ver o caso da escravidão, da emancipação da mulher, divórcio, métodos anticoncepcionais, liberdade de expressão, liberdade de culto, estado laico (o nosso mundo teria uma série de guerras religiosas intermináveis se não fosse o estado laico), leis contra os maus tratos de animais e etc.. Nada disso veio da religião.
Penso que o problema de estudiosos religiosos é que eles sempre encontram um viés pra confirmar as suas próprias crenças pessoais. Por exemplo, gosto muito dos comentários do Reinaldo Azevedo da revista Veja, ele é muito inteligente, mas as suas opiniões muitas vezes são carregadas de um fundamentalismo católico que estragam todo o conjunto da obra. Espero que vc nunca fique assim.
Eu estava achando o argumento do professor um pouco estranho, mesmo. Mas quando vi o seu, o dele fez mais sentido. O que me leva a pensar que talvez nada tenha realmente mudado: só os nomes. O mundo continua belo/feio e cada qual defende seu ponto de vista.
Oscar, dentro da “moral ocidental” que você citou, o movimento abolicionista, feminista, de direitos humanos, de direitos animais, liberdade de expressão, liberdade de culto, estado laico e democracia vieram sim com a religião, em particular os metodistas, os quakers e outros movimentos ingleses no século XVIII e XIX. Os ateus, por serem minoria, não tinham força politica suficiente para bancar esses movimentos antes do século XX. Pior que isso, muitos ateus no século XIX e início do século XX eram Social Darwinistas, e portanto viam a emancipação dos negros e mulheres com ceticismo, acreditando que eles eram biologicamente inferiores… O Social Darwinismo é uma ideologia atéia, não é uma ideologia religiosa.
Osame. Deixa eu colocar o meu ponto de vista de outra forma. O que eu disse sobre a mudança da “moral ocidental” e a incorporação de novos valores é que estes não vieram da nossa tradição religiosa judaico-cristã. Nada disso que eu citei tem na bíblia. Não sei de onde surgiu. Provavelmente as coisas começaram a mudar com o humanismo e foram evoluindo lentamente até os dias de hoje, na medida que o homem foi descobrindo mais sobre o mundo e a sua realidade, principalmente pelos avanços da ciência. Nesse processo surgiu uma aberração chamada darwinismo social, que não é exatamente uma ideologia, mas apenas uma forma estranha de racismo pseudo-científico. Isso não tem nada a ver com ateísmo, e sim com um fundamentalismo religioso que procurava justificar a diferença de riqueza entre as nações imperialistas e os colonizados. Coisas como “A sobrevivência do mais forte” (Darwin nunca falou isso). Veja que a nossa bíblia é extremamente racista. Judeus são o povo escolhido. Isso gera uma discriminação que está presente até hoje na sociedade tradicional americana, por exemplo.
Ateísmo é um posicionamento que não reconhece a existência de deus e provavelmente tomou força somente a partir do século XX (esqueça Nietzsche). Darwin mesmo era uma pessoa religiosa e nunca negou deus. O ateísmo não é responsável por nenhum destes valores morais aí que eu citei.
O arianismo nazista de Hitler é um exemplo de darwinismo social, apesar de ele nunca ter utilizado esse termo. Porém pelas informações que temos Hitler foi uma pessoa mística e espiritualizada que acreditava na existência de um criador.
Eu sei que os povos da antiguidade foram extremamente cruéis. Quanto ao império romano não tenho dúvida que as coisas melhoraram com a chegada do cristianismo. Foi exacerbado um sentimento profundo que nos faz humanos: a compaixão. Descobriu-se que ajudar os outros faz a gente se sentir bem. É verdade! Mas o que o autor afirma é que as coisas estão piorando novamente por conta da descrença da vida após a morte. Não acho que existam evidências que confirmem isso.
Tenho minhas dúvidas quanto à melhora das coisas no Império Romano. Se você estudar a fundo como era a vida em todo o império, considerando às devidas proporções, era um lugar de grande desenvolvimento humano, intelectual e tecnológico, com descobertas e práticas , apesar de todos os problemas e injustiças na nossa visão moderna, e que levamos quase 1500 anos pra redescobrir. O cristianismo foi a mola que destruiu tudo e levou o mundo ao caos por centenas de anos, com perdas irreparáveis até hoje.
Oscar, acho que a tese fundamental de Carlos Eire é a seguinte: se compararmos o nivel de violencia no Imperio Romano com o nível de violência no período posterior, podemos verificar sim uma diminuição da violência cotidiana. Para voc
Para você ter uma ideia mais clara disso, assista a série ROMA, que se passa em 50 AEC, que parece ter um fundamento histórico bem fundamentado, e compare com a vida nos séculos posteriores.
Em alguns aspectos concordo com o senhor Oscar, não acredito que a religião seja responsável pela diminuição da violência mesmo por que a crença religiosa (seja ela qual for) foi responsável por muitas mortes e genocídios.
A bíblia é repleta de contradições. Ora fala de amor incondicional de um Ser superior, ora ilustra destruições em massa (Sodoma e Gomorra) pelo mesmo motivo. Prega amor ao próximo [“Amai-vos um aos outros como eu vos amei.”(Rm 13;8)], e também discrimina [Jesus diz, “Quem não é comigo é contra mim.” (Lc 11:23)/ “Aquele que não produz bom fruto será cortado e lançado ao fogo. (Lc 3:9)].
Assim como exagera George Carlin quando “altera” um dos mandamentos: “Não matarás.. se este acreditar no mesmo Deus que você!”. E na verdade, é isso que prevalece. As religiões (algumas é claro) cria grupos.
Gosto do livro de Marcelo da Luz (ex-padre), “Onde a religião termina?”, que argumenta bem detalhadamente essa questão.
É claro que não estou atribuindo todos os males feitos a sociedade às religiões, mas acredito que isso (crer ou não crer em um Deus, ou em eternidade, ou condenação) não é fator de mensuração para determinar o grau de maldade de um individuo.
Mas ele se refere a qual violência exatamente?
É mais sensato pensarmos que a civilização produziu avanços em várias áreas com destaque para a medicina e oferta de alimento e isso, inexoravelmente, incluiu a diminuição da violência por algumas vezes, se é que existiu e pode ser mensurável, portanto, sem participação direta da religião. É muito complicado comparar a violência quando usamos contextos extremamente diferentes. Não tem como estabelecer parâmetros entre as visões de mundo da população dos impérios antigos e dos governos atuais porque existem dois cenários: um, onde as batalhas baseavam-se no corpo a corpo e eram garantidas unicamente pelo contingente das tropas e a maioria da população masculina morria guerreando, e o outro, quando se usa submarinhos e aviões que podem levar armamento nuclear para destruição em massa e basta apenas um pra apertar o botão, isso quando não são lançados por drones.
Tá aí uma pergunta ótima – assumindo que a violência tenha um componente genético e se a maioria dos guerreiros mais violentos morria durante a briga, então as guerras teriam atuado como pressão seletiva para eliminar os mais violentos e nós descendemos provavelmente dos medrosos ou espertões que abandonavam as trincheiras? Lembrando que a 2ª GM escancarou a euforia imigratória, então, ainda bem que existe o medo, esse sim é um mecanismo pacificador. Mas é o medo de morrer nessa vida e não a aspiração de viver em outra.
Outro mecanismo ‘controlador’ da violência foi a própria dispersão humana pelo globo com o marco importante das grandes navegações. Só que até isso tornou-se uma faca de dois gumes porque logo que foram avistadas as terras “de ninguém”, com mais ouro e gemas preciosas, eis que surge mais cobiça e brigas entre os conquistadores, depois entre eles e as colônias, e depois dentro das colônias. De novo, só houve violência porque existiu a diferença de poder militar. No fundo, a maior parte da violência produzida até hoje se baseou em disputa territorial e as guerras acontecem quando um subestima o outro. Como estamos agora no cenário pós bomba atômica a tendência é que a maioria fique pianíssimo.
Quanto à questão territorial, aparentemente os humanos se aquietaram e estão controlados, se não contarmos Israel, Coréia e alguns países africanos, mas só devido à proporcionalidade do tamanho da população atual.
Na verdade a humanidade é um barril de pólvora eterno.
Com certeza o senhor Carlos Eire ainda tem uma visão ilusória sobre sua crença e ele busca atribuir um valor romântico a ela.
O medo da punição, seja pelas leis da religião ou dos homens, sempre foi o elemento atenuante das ações violentas, desde os tempos mais remotos e desde a mais tenra idade dos seres humanos. Mas ao contrário do que possa parecer, o uso dos métodos antigos de intimidação é o que mais funcionaria hoje, como por exemplo, a lei de Talião, do olho por olho. Hoje temos as ONGs, direitos humanos e toda essa parafernália, onde só falta parabenizar aqueles que tiram a vida do seu semelhante e troca de um par de tênis, um celular, ou qualquer movimento que ele possa fazer. Na época que foi usada, essa lei costumava funcionar muito bem!
não é a eternidade o fator atenuante da violencia … pois todos iremos para a eternidade … crentes ou não !!
o fator atenuante da violencia chama-se TEMOR A DEUS … a perspectiva de acerto de contas.
sem essa perspectiva a vida do homem natural segue seu curso independente e refratário a Deus… até o momento do xeque-mate que pode vir aqui mesmo ou sómente lá na eternidade ..
“pois todos iremos para a eternidade… crentes ou não!!”
Tens como provar?!
“o fator atenuante da violencia chama-se TEMOR A DEUS”
Acho que algumas religiões não tem muito problema com isto. A própria história é testemunha!
tenho comprovação do mesmo jeito que a ciencia já arrumou COMPROVAÇÃO DEFINITIVA do elo perdido …
Depois quando falo que religioso só se faz de misecordioso e bondoso porque tem MEDO de ser punido pelo tal deus ou em troca de favores numa vida hipotética, o Reinaldo me dá bronca dizendo que estou generalizando esse povo religioso…
Ser bom e honesto por medo de deus é fácil, quero ver ser tudo isso mesmo não acreditando nessas besteiras… ai está a nossa diferença… não precisamos de Eternidade pra fazer o que é certo.
O TEMOR a Deus da Biblia não tem nada a ver com medo… temor no sentido biblico quer dizer consideração com o que Deus diz…o que o Senhor diz pra tu considerar como verdade é de fato verdade na sua vida … isso é que é temor
se Deus quisesse que o homem tivesse medo Dele era fácil … era só dar uma sopradinha ou levantar o dedo mindinho ….
NÃO SOBRAVA UNZINHO SÓ PRA CONTAR O OCORRIDO !!!
Bom se ele quiser que eu tenha TEMOR por ele manda ele me ligar…
TEMOR a DEUS faz bem á saude inclusive…
evita q tu bebas até cair na madrugada, dirigindo embriagado e lotando as ortopedias de emergencia como vemos atualmente em SP.
traz beneficios aos hospitais e às autoridades..
Quem tinha e continua tendo razão era e é Karl Max: A religião é o ópio do povo.
Ou seja, em termos atuais, a religião é a cannabis do povo… Raymundo, você é contra a descriminalização da Cannabis?
quanto ao exemplo contracultural da Igreja citado pelo entrevistado não concordo… as posiçoes do alto clero e baixo clero da Igreja Católica em relação aos temas polemicos tem sido bem INDELÉVEIS.. quase imperceptiveis … ao contrario dos evengélicos Malafaia e Feliciano que sáo os unicos que tem levado paulada de todo lado da sociedade por suAS POSTURAS CORRETISSIMAS de acordo com a Biblia
isso sim é que é postura contra-cultural !!
Ainda bem que as leis do Código Civil não são fundamentadas na Bíblia, se não existiria até campo de concentração de ‘diferenciados’ pelos “donos da verdade”.
=]
ainda bem mesmo ,, porém meu coment foi restrito ao aspecto contra-cultural da entrevista.. … codigo civil é com o congresso nacional,,,
Caramba!!
Agora você foi longe! :O
“codigo civil é com o congresso nacional”
(vou nem comentar isto!)
é bom .. porque o assunto do post não tem nada a ver com código civil mesmo…
Blá, blá, blá, aonde fica o livre arbítrio! o ser humano, inerente a convicções do certo ou errado, deus ou diabo, sempre foi da natureza do humano, de agir a tal prazer para satisfazer sua vontade ou a seu favor, foi assim e sempre será assim a sua essência ( de aflorar a maldade mais pura ou de sua benevolência ao próximo ).
O fato de que cada um vê a coisa de uma forma me diz mais do que cada ponto de vista isolado. Afinal, penso que nada mudou, só os nomes. Otimistas X Nostálgicos. Sejamos realistas: a raça humana é a mesma de sempre.
A violência pode ter origem na própria evolução, mas foi na presença anunnaki\ nefilim, em suas disputas pelo contole da Terra que ela enraizou-se. Após o fracasso no evento da Torre de Babel (torre de lançamento de naves na Babilônia) em 3450 a.C., Rá Marduk volta-se para o Egito e declara guerra ao seu irmãoToth, foram 350 anos de ferrenhos combates entre seguidores de um e outro. Vendo a desgraça entre irmãos, o pai Enki Ptah pede aToth que deixe o Egito. Rá assume e declara Mena o primeiro faraó em 3100 a.C. dando inicio a Dinastia.
Prometendo a imortalidade, conseguia a fidelidade.
Ai construíram as pirâmidades porque já que o mundo ia acabar eles queriam morrer encostados num barranco… kkkkkkk
Quanto a não tocar mais no assunto PURGATÓRIO, citado pelo entrevistado reputo uma prática extremamente salutar , pois é bom mesmo o religioso acertar todas as suas posições antes de fechar os olhos …
pois no encerramento das atividades NADA MAIS É POSSIVEL para reverter o quadro
por isso que a pregação do Evangelho com as autenticas conversões são ABSOLUTAMENTE PRIORITÁRIAS nos dias atuais…
E todos os outros estão errados?
Tem certeza disso?
não tenho nada a ver com os outros … cada um que se encarregue de sua religião..
Então não fica implicando com quem não acredita na tua como se a tua fosse a melhor de todas!
implicando???? pelo q eu sei os posts SÃO LIVRES !!! LIVRES !!!! LIVRES !!!!
a ditadura militar acaboua 30 anos meu caro.. e eu pelo menos não fico orientando os comentaristas a não debater com fulano ou cicrano .. cada um posta e debate com quem quer
se o sr não gostou desde o começo que o nome do post era DARWIN E DEUS E NÃO DARWIN E DARWIN… problema seu !!
pois é… talvéz por isso que as discussões não fluam direito… toda vez param pra argumentar com gente que acredita em seres invisíveis, ao invés de se discutir os avanços científicos e as descobertas excepcionais dos últimos 20 anos… toda hora volta pra conversas malucas sobre livro velho de gente que viva no deserto achando que a terra era plana q o céu ia cair na cabeça, quando podíamos estar conversando com gente de maior capacidade intelectual… é mesmo uma pena… O Reinaldo mesmo tem muito a acrescentar mas tem vezes que não dá…
descobertas excepcionais dos ultimos 20 anos??? num pais q policial tem que lavar a farda e secá~la atrás da geladeira por motivos óbvios…
em todo caso PARABÉNS ao Reinaldo pela iniciativa impar de dar lugar às duas correntes !!
Reinaldo, a biologia evolutiva, a paleoantropologia e a cultura humana mostram como todos estamos mergulhados no oceano da violência em que fomos constituídos, desde os primórdios, hoje e até não sei que futuro. Apenas internalizamos a lei da selva, com a civilização. 20 séculos depois, ainda é considerada absurda e impraticável a mensagem intuida por JdeN, o “Ama teu próximo, porque Deus é Amor”. Os próprios cristãos ignoram isso. Até quando ?
Que tal uma solução de compromisso? Ao longo da história da humanidades, religiões mais pacificas como o Cristianismo e o Budismo têm substituido religiões mais violentas (como a religião greco-romana, o arianismo hindu primitivo, a religião asteca etc). E dentro dessas novas religioes, novas versoes mais pacificas ainda (como os pacifistas Quakers etc) têm surgido. Ou seja, não dá para falar de religião no geral, por que a religião muda com o tempo. Essa mudança nas religiões trouxe a diminuição da violencia (se compararmos os ultimos dois mil anos com os dois mil anos que precederam a Era Comum.
Por outro lado, infelizmente, a ciência tem se tornado cada vez mais parceira da tecnologia de guerra e os cientistas não fazem uma autocrítica suficiente disso. Alguém já disse que, ao contrário da Religião, a Ciência é verdadeira porque ela é capaz de criar armas que funcionam, de modo que as nações que desprezarem a Ciencia irão ser dominadas militarmente pelas outras… OK, o argumento pode até estar certo, mas é um péssimo argumento para atrair os jovens para as carreiras científicas.
“Ao longo da história da humanidades, religiões mais pacificas como o Cristianismo..”
O senhor tem certeza a respeito desta descrição? Budismo tudo bem, agora Cristianismo?
“por que a religião muda com o tempo”
Religião não muda com o tempo! As pessoas são que não aceitam as atitudes delas obrigando a reverem os seus conceitos para se adequarem a realidade (Reforma Protestante é um exemplo).
“Essa mudança nas religiões trouxe a diminuição da violencia”
É um erro querermos compararmos contextos históricos e demográfico sociais de épocas diferentes para extrairmos a diferença do fator violência. E posso garantir, que foi em nome de um Deus que muitas pessoas morreram.
“a ciência tem se tornado cada vez mais parceira da tecnologia de guerra e os cientistas não fazem uma autocrítica suficiente disso”
Acho que generalizou muito nesta definição pessoal.
Sr Osume … PERFEITA a assertiva de que a ciencia tem se tornado parceira perfeita da TECNOLOGIA DE GUERRA … em cima !!!
Jardson, não foram simples bruxasl ou malévolas feiticeiras, ou terroristas, mas cientistas, sim, de física atômica, que há quase um século atrás. brindaram a humanidade com o maior pesadelo já havido e vigente, desenvolvendo o aparato teórico do lampejo de 5 milhões de graus Celsius de mortíferos e cataclísmicos artefatos de guerra, cujos desumanos e devastadores efeitos vitimaram instantaneamente dezenas de milhares de civis de Hiroxhima e Nagazaki, com o detalhe: bombas como aquelas, hoje são simples espoletas que disparam as bombas de hidrogênio, que rugem milhões de vezes mais poderosas que os os fracos latidos das detonadas no Japão.“A ciência, sim, tem se tornado cada vez mais parceira da tecnologia de guerra e os cientistas não fazem uma autocrítica suficiente disso”, disse com pertinência e precisão Osame Kinouchi.