O espetáculo das aves da mata atlântica
Mudei de casa e de cidade (na verdade, voltei para a minha cidade natal) desde o mês de setembro do ano passado, e uma das inúmeras vantagens da mudança consistiu em viver do lado de um pequeno bosque. É só um naquinho ridículo da mistura exuberante de cerrado, mata atlântica e mata de araucárias que um dia cobriu São Carlos do Pinhal — olhando pelo Google Earth, não deve passar de uns 10 ou 20 hectares –, mas já é alguma coisa. Saguis, macacos-pregos (e bugios, segundo o jardineiro do condomínio, o grande Geni) às vezes aparecem por aqui. E aves para todo o lado, principalmente.
É difícil descrever como a experiência tem sido um deleite, a começar pelo fato de que, embora eu seja um menino de interior, tenha passado a infância inteira achando que o pardal era a única espécie de ave num raio de 100 km da minha casa (minha rua era um ótimo lugar para se viver, mas as donas de casa do bairro, fanáticas por limpeza, costumavam fazer lobby para cortar as poucas árvores das calçadas, argumentando que as folhas delas entupiam as calhas das casas). O resumo da ópera é que, pela primeira vez na vida, virei um observador de aves. E o “Guia de Observador de Aves” recentemente editado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza caiu no meu colo como um presente dos céus — ou, ao menos, dos bichos que navegam por eles.
O guia, primorosamente ilustrado e escrito por Fernando Straube, Leonardo Deconto e Marcelo Vallejos, descreve um ambiente bem diferente do cume da serra de Rio Claro, onde me encontro. Trata-se da Reserva Natural Salto Morato, mantida pela fundação em Guaraqueçaba, litoral do Paraná. Mas os pontos comuns entre a fauna da mata atlântica ao longo do bioma já me permitiram identificar alguns bichos em ambos os locais, como o gaturamo e o tangará, de ampla distribuição e lindos.
O guia é um ótimo ponto de partida para quem quer começar a observar aves na natureza, dando detalhes de como usar binóculos, o que mirar na hora de identificar os bichos (detalhes anatômicos como coroa e manto) e, o mais legal, a estrutura ecológica dos grupos de aves, aqueles que são típicos da borda da mata, da copa das árvores etc.
Já falei, em post recente, da dinâmica evolutiva perversa que vem alterando a população de aves, e as plantas que dependem quase simbioticamente delas, na nossa sofrida mata atlântica. Não é preciso dizer — mas digo assim mesmo — que a preocupação ambiental é uma das áreas onde não religiosos e religiosos podem e devem unir esforços, que deveria transcender barreiras. E, como sabemos, só se preserva direito o que se conhece. O guia é um ótimo começo para melhorar esse conhecimento de forma prazerosa.
O livro pode ser adquirido por R$ 50 no site da editora da Universidade Federal do Paraná (www.editora.ufpr.br).
Gostei muito da matéria. Sou apaixonada pelas aves e enfim tudo que é natureza. Lendo sua matéria me lembrei que minha irmão mudou-se de Osasco para Botucatu e fica revoltada pois lá as pessoas não querem árvores em suas calçadas alegando que sujam muito. Já chegaram a quebrar galhos de árvores que ela plantou em sua calçada. Um absurdo.
Abraços,
Maria do Carmo
Quero começar a ser , também , observador de pássaros! comecei comprando 3 posters de aves ( mata atlântica + amazonia + pantanal ) da Reserva Rio das Furnas do Renato Rizzaro. Segue abaixo as dicas que ele me deu para os iniciantes:
Sobre os livros: para a mesa de trabalho e ter em casa, o Ornitologia Brasileira de Helmuth Sick continua sendo a bíblia das aves brasileiras. Textos técnicos porém saborosos, onde você pode ter uma leitura muito boa.
Para o campo, recomendo Aves do Brasil da Editora Horizonte. Wildlife Conservation Society editou um livro que chama-se Pantanal & Cerrado. Ambos você pode conseguir a preços bons na Estante Virtual ou em boas livrarias. Talvez o Ornitologia Brasileira seja mais difícil, mas está bacana começar pelo de campo.
Fica a dica!
Por favor FOLHA, mais dicas e boas matérias como esta! Obrigada.
Excelente reportagem ! Para quem gosta de aves, sugiro que visitem o site http://www.wikiaves.com.br e se inscrevam como colaboradores
Tiê sangue é um presente divino. Fico encantado sempre que vejo no litoral de SP
Eu queria mesmo era ter a fé descomunal e formidável dos crentes ateus darwinistas, pois creem que estes passarinhos vieram dos dinossauros!
Assim como acreditam que baleias vieram de lobos… e também camelos, elefantes e NÓS! vieram de jabutis… 😀
nem os apostolos tiveram fé tao avantajada !!
Oi Gilberto. Tenho acompanhado seu posicionamento no fórum e fiquei curiosa: por que para vc a teoria da evolução é incompatível com a fé religiosa? Estudei em colégio católico a vida inteira e lá nos ensinaram Darwin nas aulas de ciência. Interessante que tive até uma professora que era freira…rsrsr Enfim, vc é da linha criacionista?
incompativel é esculhambar Deus como postam, o resto é relativo .. tamu na area pra defende-Lo
Ele é incompetente até pra se defender sozinho…
Ele nao é incompetente… Ele respeitou o desejo do homem de tomar o lugar de Deus, deificando-se a si mesmo como o triste espetaculo q assistimos hoje ….
E surgiram como então?
Poderia explicar?