O experimento evolutivo da agricultura

Reinaldo José Lopes

A invenção da agricultura pode ser enxergada como uma espécie de terremoto civilizacional e evolutivo: as ondas de choque propagadas pela transformação do homem, de caçador e coletor que era, em produtor de alimentos em larga escala, ainda estão com a gente, afetando o destino da nossa espécie e o de toda a biosfera. Tudo isso começou há mais de 10 mil anos, no Oriente Médio — e, conforme os arqueólogos têm percebido com clareza cada vez maior, aconteceu múltiplas vezes de forma independente.

Uma dessas descobertas se deu, por exemplo, no Irã, conforme expliquei em reportagem recente para esta Folha. Aproveito, neste post, para publicar a versão integral da minha conversa com a arqueóloga Simone Riehl, da Universidade de Tübingen, na Alemanha, sobre a importância de seus achados iranianos, recentemente publicados na prestigiosa revista “Science”. Confira abaixo:

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Minha primeira pergunta é de natureza mais política. A “Science” mencionou a dificuldade de fazer pesquisa arqueológica no Irã por parte de grupos ocidentais. Como a sra. descreveria essa situação? O país tem se tornado mais aberto para arqueólogos estrangeiros?

Eu não diria que vejo uma evolução muito distinta em direção a mais abertura para projetos estrangeiros durante os últimos. O fato de que apenas algumas escavações arqueológicas foram conduzidas por lá desde a Segunda Guerra Mundial, porém, provavelmente tem a ver com a insegurança política mais geral no país e com, por enquanto, colaborações iraniano-ocidentais fracamente desenvolvidas em comparação com as colaborações com a Turquia, que existem há muito tempo.

Essa pode ser a razão pela qual boa parte das pesquisas tem sido conduzida na Turquia e no norte da Síria, e também em Israel, por enquanto. Eu não diria que existe um boom arqueológico no Irã agora, apenas um aumento lento do número de pesquisadores, cada vez mais interessados nessa área pouco investigada.

Infográfico explica as origens da agricultura no Oriente Próximo

 

Uma dúvida muito básica que eu tenho: quando estamos falando da “fase 2” do processo de domesticação, quando as pessoas já estão fazendo o manejo intensivo de plantas selvagens, mas quando esses vegetais ainda são morfologicamente idênticos aos selvagens, é possível dizer que os seres humanos já estavam semeando, colocando ativamente as sementes no solo? Quais as evidências desse processo?

Enquanto é fácil diferenciar entre espécies domesticadas e seus progenitores selvagens, fica muito difícil distinguir entre espécies selvagens cultivadas e coletadas, como você diz. Entretanto, há uma série de indicadores que os arqueobotânicos usam para avaliar essa questão, um dos quais é o número e a quantidade de possíveis ervas daninhas de áreas cultivadas. As ervas daninhas aumentam com as diferentes técnicas de manejo do solo, e a presença delas pode ser uma pista de que as pessoas estavam cultivando plantas, e não apenas coletando.

Há outros indicadores, como o aumento do tamanho das sementes, que nós não discutimos no nosso artigo.

O que significa descobrir que a domesticação de plantas aconteceu de forma mais ou menos simultânea por todo o Crescente Fértil? Já vi várias vezes a ideia de que isso indica que as condições do fim da Era do Gelo e do começo do Holoceno, a nossa época geológica — clima mais ameno e mais previsível etc. — fizeram com que fosse mais ou menos inevitável que, com a presença das plantas certas, a domesticação aconteceria. A sra. concorda?

As condições climáticas certamente sempre tiveram algum papel nas mudanças do comportamento de subsistência, mas eu não reduziria a transição para a agricultura simplesmente a razões climáticas. Um componente importante é o comportamento humano, que sempre está respondendo a todo tipo de parâmetro diferente.

Alguns arqueólogos chegam até a pensar que o desenvolvimento cerebral humano teve um papel importante na transição para a agricultura, não no que diz respeito a aspectos técnicos, mas a aspectos sociais relacionados à agricultura, como a vida em sociedades maiores, o sedentarismo etc.

Com exceção do fato de que agora temos provas de mais um centro de domesticação das plantas, qual é o significado de achar traços desse processo nas montanhas do Zagros? É algo irônico, de certa forma, já que as culturas mesopotâmicas que vieram depois tendiam a ver as pessoas do Zagros como bárbaras, menos civilizadas?

Eu veria o significado da descoberta mais quanto ao ímpeto geral da pesquisa arqueológica futura do que no resultado em particular (a prova de um centro adicional da agricultura primitiva). Considerando que todos os modelos arqueológicos se baseiam em insights muito limitados sobre a história da humanidade, o exemplo de Chogha Golan mostra que um único achado adicional pode iniciar um processo capaz de nos levar a uma perspectiva totalmente diferente sobre o que, antes, considerávamos ser correto.

Comentários

  1. O interessante na matéria, é que ela reforça o que tenho dito sempre em meus comentários no blog. As datações mais antigas sobre o surgimento da agricultura (11.500 anos) , que deveriam ser na baixa Mesopotâmia, Eridu, Ur, Nippur, Babilônia, etc, onde começou a civilização propriamente dita, são no norte da Síria, sudoeste da Turquia e Israel/Palestina.
    Temos a explicação para isso, se levarmos em consideração que Noé (Utnapishtim/Ziuzudra), após o Dilúvio, desceu no Ararat, e a partir dali começou o repovoamento da Terra, e consequentemente a Agricultura.
    Ao descerem em seus Torvelinhos sobre o Ararat, Enlil ficou irado ao ver que alguém havia sobrevivido, quando Enki lhe disse: ” Ele não é um simples mortal, é meu filho Ziuzudra.” Examinando a Câmara da Criação selada, encontraram as sementes dos cereais de Nibiru. Nas Montanhas do Cedros e em outras montanhas, Ninurta represou as quebradas e ensinou o cultivo ao filho maior de Ziuzudra. Ao filho mais jovem de Ziuzudra, Ishkur ensinou a cultivar frutas. As essências vitais e os ovos de vida podem se combinar com nas matrizes dos animais quadrupedes da embarcação de Ziuzudra. A criação ficou com seu filho médio.

  2. Caro Julio,
    A agricultura nas américas e tão antiga quanto à do oriente médio. Aqui viviam milhões de indígenas nesta época, milho, feijão, cacau, pupunha, guaraná, batata e dezenas de outras culturas já eram cultivadas. Então, essa estória do Noé sobrevivente de dilúvio, câmaras de criação seladas, etc, mais uma vez não cola bem. Pelas américas também existia uma civilização (incas, maias, astecas, e dezenas de outros povos), que se desenvolveu bastante. Isso é ciência. Nibiru e cia é uma estória, apenas isso. No dia que desencavarem uma nave espacial no deserto iraquiano você pode dizer, “não falei…”Por enquanto, é mais sensato, para qualquer um neste planeta, a busca por informações sólidas, sustentadas por evidências concretas, como a Evolução.
    Adultos conscientes e racionais não devem acreditar em ETs, arca de Noé, mares que se abrem por ordem do tal Moisés, Harry Potter, mestre Yoda, Papai Noel…

  3. Sr. Reinaldo José Lopes, por favor coloque neste blog um post sobre o método científico. Não precisa ser muito detalhado não, basta um resumo acompanhado da sua história, ou se isto for demais, indicação de alguns livros sobre o método e de sua história. Quem sabe começam a deixar a carochinha em paz.

  4. Nas partes altas dos Andes, Julio? As áreas costeiras da América Central, as planícies norte americanas, e até a planície amazônica era bastante povoada nesta época. Não eram algumas famílias, muito menos apenas nas partes altas e, muito menos ainda, descendentes de K-in ou quem quer que seja. Também não houve inundação nas américas para sobreviverem apenas “nas partes altas”… Toda essa estória de Nibiru não se sustenta com um mínimo de conhecimento sobre as civilizações e seus conhecimentos naquela época.

  5. “quando Noé desceu o Ararat e…a partir dali começou o povoamento da Terra…” as américas já eram povoadas, já existia agricultura por aqui, as planícies eram bastante ocupadas, até o sul da américa do sul. Isso é ciência, basicamente arqueologia. Descendentes de K-in no alto dos andes é uma estória que poderia render, no máximo, um daqueles filmes de Hollywood, onde a fantasia e a imaginação mandam.
    Mas a estória real sobre o que aconteceu é mais interessante do que a fantasia da nave espacial. Museus e livros pelo mundo afora contam essa estória.

  6. Cada vez mais fico impressionado com a capacidade do ser humano em produzir “ficções explanatórias”. Estórias são tomadas como explicações científicas! Com o tempo, um emaranhado de ficções vão se cristalizando e se tornando inquebrantáveis, impossibilitando qualquer diálogo. Marcelo Brilhante, admiro sua paciência e persistência.

    1. Não há ciência capaz de explicar o que realmente ‘rolou’ em nosso passado remoto, porque ninguém estava lá para testemunhar. O registro escrito só existe há cerca de 5000 anos ou um pouco mais, e mesmo assim não dá para confiar cegamente em tudo o que foi escrito, pois também se escrevem e inventam coisas (aliás até hoje).
      Desta forma, qualquer coisa que se diga em relação ao passado é mera suposição, baseada no que observamos no presente, seja através da ciência ou não. Só para citar um exemplo, até então se acreditava que a lua foi formada a partir da colisão da Terra com outro planeta, e agora surge uma outra teoria que ela se originou de uma gigantesca explosão em seu próprio núcleo, ou seja, a incerteza permanece

      1. As novas descobertas apontam para algo diferente há 13000 anos, o CEREGE falando em degelo brusco, em seguida a agricultura em regiões altas, a da linguagem na Turquia,
        Göbleki Tepe, etc. escrito mesmo, O Livro Perdido de Enki em 2017 a.C. que ninguém consegue contestar a sua tradução, ou vocês acham que os experts em cuneiforme já não se debruçaram sobre ele.

  7. Até aqui ninguém me disse por quê a agricultura surgiu nas partes altas e não na baixa Mesopotâmia. Esqueci um detalhe, foi Dumuzi quem ensinou a criação ao filho médio de Ziuzudra. A teoria de Clóvis já foi por água abaixo. K-in foi trazido pra cá há mais de 80 mil anos. O deus dos Incas Viracocha é o mesmo Iskur/Adad dos Hititas que andou pela Serra das Capivaras no Piauí. O nome Brasil é derivado do acadiano Barzel (Ferro).

    1. Foram os Jedis, liderados por Obiuan Quenobi, que trouxeram as sementes de maconha usadas pelo Alf o eteimoso, que auxiliaram o povo morador de São Tomé das letras a pensar em cultivar plantas. Foi também quando Xenu mandou os aviões jogar as thetans nos vulcões da Terra que cairam frutas e os macacos comeram virando humanos que cruzaram com Ets.
      Mas Sarumã não gostou do que viu e mandou os Orcs destruírem as plantações de erva. Os duendes que fumavam muita a tal erva se revoltaram e lideraram os exercécitos numa batalah que durou 5 milhoes de anos, mas em tempo paralelo, por isso não ficou registro, a não ser a pedra sagrada que o Julio falou, e que na verdade ficava dentro do banheiro da rodoviária, onde pichadores, netos dos egípcios que haviam casado com os neandertais resolveram sacanear o dono do bar e escreveram essas coisa que depois foi parar na wikipedia, fonte de todo conhecimento do Universo que o Julio Dalci tem. Além claro de ser um grande usuário de outra planta, o Ayahuasca, ofertada pelos Deuses astronautas que bebiam e iam desenhar macacos no chao do Peru.
      Simples assim.

          1. ô da bíbliazinha, decida-se. Ou você acredita nesse teu livrinho ou nos contos do Dalcin Tokien.
            ou vai falar agora que a tal bíblia foi ditada por ets também.
            Este blog tá virando manicômio…
            Desse jeito vai virar roteiro de Saramandai 2 A Missão…

    2. Como Prof. de agronomia gostaria de explicar com clareza porque a agricultura surgiu nas partes altas. é muito simples. A dinâmica de chuvas nas regiões semi- áridas como deviam ser aquela região são mais favoráveis a agricultura tendo médias de pluviométricas maiores e com distribuição adequadas permitindo o cultivo. se não acreditar visite os chamados brejos de altitude Nordestinos e as chapadas aonde se pratica a agricultura com alta tecnologia em quanto nos “baixões” ou vales se preferir a regime de chuvas é inconstante e seria necessário o uso de irrigação, tecnologia não existente na época. isso ocorre até hoje a agricultura se desenvolve primeiramente em terrenos mais propícios e depois migra com advento de novas tecnologias para regiões menos favoráveis. entendeu?

  8. “a agricultura surgiu nas partes altas…” ” a teoria do Clóvis foi por água abaixo…” isso, Julio, é apenas você ou alguns outros leigos que falam. Nenhum cientista sério acredita nisso. E não, a agricultura não surgiu nas partes altas. Surgiu nas margens dos grandes rios e lagos, seja nas américas ou no oriente. No alto dos andes não é possível plantar nada, de onde você tirou essas idéias tão absurdas? E, sobre antes de 5000 anos, Tersio, sim existem vários métodos científicos para entender o que aconteceu. Não sou eu quem vai explicar para você pois isso está em centenas de livros. Leiam, estudem, façam faculdade e pós graduação em arqueologia, antropologia ou biologia, depois reflitam sobre o que escreveram e falaram ao longo da vida. Aproveitem o tempo, a vida é curta e o conhecimento é o grande libertador das trevas da nossa ignorância.

    1. Não perca seu brilhantismo Marcelo, é a arqueologia que está falando. É esse conhecimento libertador das trevas que me faz ver além de Plutão, que não te tira da Terra.

  9. Este blog deveria mudar de nome para “Pérolas aos Porcos”
    É muita gente sem cultura nenhuma tentando ler textos científicos e querendo dar opinião…
    Dá dó de ver a capacidade intelectual desses fanáticos e ignorantes… o outro vem falar que o que aconteceu antes de 5000 anos não dá pra saber, é surreal!! O outro acredita em Et e o outro em livro que nem sabe ler.
    Reinaldo, muda o blog da categoria ciência e coloca em humor bizarro!!

  10. sobre o “não há ciência para explicar o que realmente rolou…” pronto, basta essa sua frase para algumas, caro Tersio, estendidas aos criacionistas e descendentes de Nibiru aqui deste blog:
    1. você não é um cientista. Então, não deveria escrever sobre o que não tem a menor idéia.
    2. Mesmo não entendendo nada de ciência, escreve bastante, tudo sem conexão. Isso é padrão no mundo dos criacionistas. São capazes de entrar numa conferência de físicos para debater sobre a teoria da relatividade mesmo sem nunca ter estudado física básica. Mistura informações sobre a lua (astronomia) com ponderações ingênuas sobre ciências que estudam o passado humano (arqueologia, antropologia). É demais…

  11. falta de conexão com o mundinho darwinista, não significa falta de conexão com o mundo real, com a vida espiritual ou com as ciencias humanas…. que pra muitos aspirantes a Dr Do Little deixaram de ser ciencia por fugirem do universo ameba-protozoário …

  12. Gilberto, vamos lá, sei que é meio inútil tentar argumentar mas…
    Você pensa que é possível misturar o mundo natural com explicações sobrenaturais (mundo espiritual). Esse é um erro fundamental. Isso não se mistura. Quando você mistura, não dá certo. Afinal, a bíblia ou qualquer outro livro religioso não explicam nada sobre o mundo natural. O mundo espiritual deve ser afastado do mundo natural porque isso tem implicações perigosas. Por exemplo, poderiam ensinar que o planeta tem 6 mil anos. E isso seria uma mentira, uma enganação e derramaria, mais uma vez, um mar de ignorância sobre a humanidade. Quer ter suas crenças? Vá em frente, mas não misture isso com ciência, a humanidade já padeceu e ainda padece por causa disso. Se religião fosse sinônimo de moral, civilidade e paz… O mundo é cheio de religião, fé, crenças, etc…e guerras, preconceitos, intolerância, etc.

    1. O autor do blog já misturou…portanto não sou tão bem dotado de originalidade assim…

      … na realidade o q o sr quer dizer éq NÃO EXISTE SOBRENATURAL não é mesmo ????

      sinto muitissimo …. existe !!!

    2. está relacionando fé, religião , crenças com toda sorte de guerras e perseguições ??? bobagem … a maioria delas foi engatilhada por ateus-comunistas … raciocinio furado na origem …

      1. Galo evoluiu do burro ou esta em evolução para tal?
        Talvéz para améba… o pensamento é mais parecido…

  13. Estou impressionado com a invasão de seres irracionais por aqui. Essas citações de Nibiru, Noé, arca, Ziuzudra … quanta bobagem! É impressionante que pessoas adultas acreditem em bobagens desta natureza. Com razão, seres como este só podem inundar blogs com suas irracionalidades. Na vida real e diante de um público real, até adivinho a situação: gargalhada geral.

  14. Para o que acredita em sobrenatural: o que existe, meu caro, é a série de televisão, que eu particularmente gosto. Ninguém provou a existência de qualquer força sobrenatural. James Randy ainda oferece 1 milhão de US a quem provar algo. Até agora ninguém ganhou um centavo, nem provou nada. Ou seja, o sobrenatural existe na cabeça de loucos e iludidos.

    1. se eu tivesse poder sobrenatural também dispensaria o din-din do showman…. é pouco demais !!!!

  15. Muitas pessoas têm uma necessidade grande de crer em algo. Há uns meses, em uma cidade de Goiás, havia uma santa (Aparecida), acima dela, uma árvore e, na árvore, um galho com uma espuma misteriosa, que gotejava um líquido transparente. Logo, todos disseram: Milagre de Nossa Senhora. Resultado: romaria até o local, gente colhendo água, testemunhos de pessoas que disseram que havia sido curadas pela água milagrosa.

    Na verdade, é um inseto, uma comunidade de insetos, que ocorre naquela época do ano e, por casualidade, decidiu se instalar acima da santa. As pessoas estavam colhendo e bebendo saliva de inseto. Nada mais que isso.

    O padre, que era muito esperto, no início incentivou a ideia de milagre, mas logo em seguida deu no pé.

  16. Reinaldo, para os biólogos evolucionistas (sim, digo isso porque existem os que não são evolucionistas e ainda são muito ligados a misticismos e crenças fora do escopo do método científico, por incrível que pareça) enfim, sempre fica uma questão em aberto nos estudos que tratam do comportamento animal, no caso, o do humano.
    A pergunta ideal a ser respondida é: Qual o padrão ancestral?
    O que a arqueologia encontra são vestígios que foram passíveis de serem preservados, e que muito provavelmente passaram pelo mesmo processo, por isso são encontrados mais ou menos ao mesmo tempo e temos a impressão que surgiram na mesma época.
    Mas seguindo o raciocínio do padrão ancestral, que é o mais plausível dentro do cenário evolutivo, esse comportamento de povos agricultores teve uma origem embrionária única, que se espalhou para outras regiões, quando as populações que estavam na transição de nômades para agricultores foram absorvendo aos poucos essa tradição, já que era mais vantajosa, praticamente uma adaptação evolutiva.
    Por isso não é de nos espantarmos os casos dos sítios arqueológicos muito próximos, relativamente, quando trata-se de populações com a mesma origem étnica – pois eram mais ligados culturalmente apesar das disputas. Assim como ocorreu com os incas e os maias, astecas e os índios brasileiros, em algum momento eles tiveram contatos com troca de informação cultural e até miscigenação, com intervalo curto de poucos milhares de anos.

    Entretanto, chegar a essa resposta é mais complicado quando o comportamento não fica registrado, justamente devido a esse fator climático que limitou a expansão da prática. Quando o planeta esquentou um pouco, ao final do período glacial, foi quando tiveram oportunidade de expandir tal prática, mas ela já existia e era passada entre gerações ancestrais.

    1. Ou seja, é mais fácil encontrar vestígios de agricultura quando ela passou a ter uma escala maior, mas nada impede de vermos o cenário que descrevi. O que mudou foram as condições ambientais que passaram a favorecer um hábito já difundido entre os povos em partes diversas do planeta, que até então tinha escala menor.

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