Tubarões migrantes
Leio na tradicional revista de divulgação científica “New Scientist” um relato sobre uma simpática descoberta paleontológica: a mais antiga migração sazonal de vertebrados — no caso, tubarões — já registrada, com 310 milhões de anos. O comportamento foi inferido graças ao trabalho de detetive de pesquisadores da Universidade de Michigan em Ann Arbor, nos EUA, e foi descrito em artigo no periódico científico “Journal of Vertebrate Paleontology”.
É muito simples, comissário (como diria o Báteman): acreditava-se que o tubarão esquisito acima, o nosso querido Bandringa, dividia-se em duas espécies, B. rayi e B. herdinae. Só que a análise do pessoal de Michigan, coordenada por Lauren Cole Sallan, mostrou que não há diferenças morfológicas significativas entre os bichos.
E, mais importante ainda, há uma divisão clara por estágio de desenvolvimento, veja você: tubarões jovens e recém-nascidos do gênero só aparecem em rochas formadas em regiões costeiras (é, é relativamente fácil saber isso com base na composição da rocha), enquanto os adultos aparecem apenas em regiões do que então era o interior do continente no atual Estado americano de Illinois.
Explicação bastante plausível do fenômeno: os adultos desciam os rios rumo ao mar para se reproduzir, provavelmente em berçários de peixes, como os nossos atuais manguezais. Já crescidos, os filhotes subiam o rio rumo ao interior.
É verdade que a maioria dos tubarões de hoje não vive em água doce, mas há algumas espécies adaptadas a essa variação — bem como uma série de outros peixes, como os salmões, que fazem o trajeto no sentido inverso (adultos no mar, filhotes nos rios).