Elos perdidos, parte 6: “Haikouichthys”
Foi no longínquo período Cambriano, lá se vão quase 530 milhões (é, mais de MEIO BILHÃO de anos atrás), que as primeiras criaturas com a mesma estrutura corporal básica que ainda temos — ou seja, um corpo com alguma forma de coluna vertebral e crânio — deram o ar de sua graça nos mares da Terra. E um dos mais importantes exemplos desses vertebrados versão 1.0 são os rapazes aqui embaixo, membros da espécie Haikouichthys ercaicunensis.
Com apenas 2,5 cm de comprimento, o “peixe de Haikou, natural de Ercaicun” (nome das localidades do sudoeste da China onde o bicho foi achado; é, eu sei, faltou criatividade nos paleontólogos) lembra vagamente uma versão nano de peixes primitivos de hoje, como as lampreias (“peixe”, aliás, é uma categoria sem muito significado evolutivo — assunto prum futuro post). A criaturinha teve a sorte — ao menos do ponto de vista paleontológico — de ter batido as nadadeiras numa região que se tornaria um “lagersttäten”, tipo de depósito de sedimentos famoso por preservar lindamente tecidos moles dos seres vivos do passado, daí um sujeito tão pequeno e molenga ter chegado até nós. (Outro “lagersttäten” famoso fica no Brasil, na chapada do Araripe, e é famoso por seus pterossauros.)
Não sabemos muita coisa sobre o Haikouichthys ercaicunensis e outros vertebrados do Cambriano. O bicho tinha entre seis e nove brânquias, por exemplo. Sua nadadeira mais importante parece ter sido a dorsal. Ninguém sabe exatamente o que são certas misteriosas estruturas circulares no traseiro do rapaz.
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