De dinos a aves em três imagens

Reinaldo José Lopes

Hoje é dia de post mais visual. Aproveitando a publicação da minha reportagem de hoje nesta Folha a respeito de uma nova e importante pesquisa sobre a origem das aves (resumo da ópera: dinossauros tomaram as pílulas de nanicolina/polegaridis do Chapolin Colorado para virarem nossos amigos emplumados), gostaria de compartilhar com o dileto leitor três imagens lindonas que ajudam a contar essa história.

Primeiro, o infográfico, como sempre magistral, de Alex Argozino Neto, da Editoria de Arte da Folha.

Infográfico explica origem das aves (Crédito: Arte/Folhapress)
Infográfico explica origem das aves (Crédito: Arte/Folhapress)

Depois, é a hora da fofice. Primeiro, o encontro de dois parentes bem diferentes há 120 milhões de anos, no Cretáceo. Mais especificamente, um bando de aves primitivas, as chamadas Longirostravis, pousam sobre o Yutyrannus (um tiranossauro penoso de 9 m de comprimento) no que um dia viraria o norte da China.

Tá gostoso aqui em cima. Delícia de carrapatos nessas penas! (Crédito: Brian Choo)
Tá gostoso aqui em cima. Delícia de carrapatos nessas penas! (Crédito: Brian Choo)

E, refazendo o encontro na época moderna, um beija-flor, o Archilochus colubris, dos atuais Estados Unidos, ao lado de um dente de Carcharodontosaurus, dino carnívoro de 100 milhões de anos que pode ter chegado aos 13 m de comprimento.

Esse negócio deve espetar, né? (Crédito: Terry Sohl e Christophe Hendrickx)
Esse negócio deve espetar, né? (Crédito: Terry Sohl e Christophe Hendrickx)

Eu achei lindo, sinceramente.

E, só pra dizer que não falei das flores: o que ainda não está claro nessa história toda é exatamente o que “empurrou” os ancestrais das aves consistentemente, durante 50 milhões de anos, nessa trajetória de miniaturização.

Isso certamente ainda vai dar muito pano pra manga, mas uma possibilidade intrigante, levantada por Mike Benton, da Universidade de Bristol (escolhido pela revista “Science” para comentar a pesquisa num artigo de opinião), é que a chave tenha sido a vida nas árvores, que teria exigido todo um conjunto de adaptações — não só o tamanho menor como também o aperfeiçoamento das penas para planar e voar, os olhos maiores (para se orientar num ambiente mais tridimensional que o chão), o cérebro proporcionalmente maior (que também ajuda nesse contexto), e por aí vai.

É um conjunto de adaptações que, surpreendentemente, lembra o caminho evolutivo dos nossos próprios ancestrais, os primatas.