A ruína de Jerusalém

Reinaldo José Lopes

O arqueólogo israelense Nahman Avigad (1905-1992) foi responsável por escavar o subsolo de uma casa, no bairro judaico de Jerusalém, no qual havia sinais claros da conflagração que destruiu a capital da Judeia no ano 70 d.C., quando os romanos derrotaram a rebelião dos judeus contra seu domínio imperial.

Avigad encontrou… um braço. Só isso, um braço decepado, sem corpo, mas com a mão e os dedos ainda no lugar. Em outro cômodo, havia uma lança apoiada na parede. Cinzas e carvão por todo lado. E, espalhadas pelo chão, moedas com a inscrição “Ano Quatro da Redenção de Sião” — a revolta judaica começou, é bom lembrar, no ano 66 d.C.

Eis como o arqueólogo descreve a cena, de um jeito de cortar o coração:

“Para além da imagem da destruição, todos tínhamos na cabeça as cenas tão vívidas descritas pelo historiador judeu Flávio Josefo: os soldados romanos que se espalhavam pela Cidade Alta, saqueando e pondo fogos nas casas enquanto massacravam todos os que encontravam pelo caminho. O dono desta casa, ou um de seus moradores, tinha conseguido preparar sua lança; outro membro da família não conseguiu escapar da casa e morreu entre as chamas. A evidência do desastre, tão tangível, surpreendente por seu frescor, chocante em seu realismo, deu-nos a sensação de que tudo aquilo tinha acontecido ontem.”

Quanto mais as coisas mudam, mais elas continuam as mesmas.

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