O padre que matou Plutão
De quem foi a culpa pelo “rebaixamento” de Plutão, excluído de forma desapiedada da lista de planetas do Sistema Solar? Dos jesuítas, óbvio.
Sério, gente — parece trama de romance anticlerical do século 19, mas é a pura verdade — ou ao menos parte dela. Quem coordenou o Comitê de Resoluções da IAU (União Astronômica Internacional) que propôs formalmente a reclassificação do antigo nono planeta, bem como o responsável por escrever o texto que foi votado e aprovado pelos membros do IAU batizando Plutão de mero “planeta-anão”, foi o padre britânico Christopher Corbally, membro da Companhia de Jesus e pesquisador do Observatório do Vaticano. Olha a foto do homem aí embaixo. É o senhor do meio. (Notem que ele não está usando batina. Deve ser pra se disfarçar de um possível atentado dos Illuminati.)
Acontece que o Vaticano é um dos Estados-membro da IAU, e sua pequena equipe de astrônomos costuma produzir ciência de excelente qualidade, o que acabou levando à escalação de Corbally para esse papel importante na votação.
É claro que dizer que “Plutão teria escapado, se não fossem esses jesuítas intrometidos”, à la Scooby-Doo, é forçar a barra. Já havia um acúmulo enorme de descobertas mostrando que o antigo nono planeta era apenas mais uma bola de gelo entre a infinidade de corpos parecidos existentes nos confins do Sistema Solar, e que ele pouco tinha em comum com os planetas “verdadeiros”, o que motivou a decisão da IAU e sua aceitação pela comunidade científica.
A votação anti-Plutão aconteceu no já longínquo ano de 2006, mas só me dei conta da filiação religiosa do pesquisador após ler o divertido livro “Would you Baptize an Extraterrestrial?” (“Você Batizaria um Extraterrestre?”), dos jesuítas Guy Consolmagno e Paul Mueller, ambos cientistas do Observatório do Vaticano também.
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