Os vários “Josés” do Egito

Reinaldo José Lopes
Aperel: tá bonito na foto. (Crédito: Reprodução)
Aperel: tá bonito na foto. (Crédito: Reprodução)

A comovente história de José, filho do patriarca hebreu Jacó, que teria sido vendido como escravo por seus irmãos e, após uma série de reviravoltas do destino, assumiu o papel de vice-rei do Egito, só está registrada na Bíblia. Como o texto do livro do Gênesis não revela o nome do faraó a quem José servia, não há nenhuma pista concreta para tentar checar a veracidade da história. Mas documentos do antigo Egito indicam que nativos da terra de Canaã às vezes podiam acabar ocupando cargos de destaque no reino do Nilo.

Um desses sujeitos, chamado Ben-Anath, tornou-se o médico-chefe da casa real egípcia. Outro cananeu, chamado Ben-Ozen e nascido em Basã (que se tornaria parte dos territórios israelitas do lado leste do rio Jordão), serviu o faraó Ramsés 2º como mordomo e arauto-chefe da casa real. Ben-Ozen se integrou de tal maneira à sociedade egípcia que assumiu até um novo nome na língua dos faraós: Ramsés-em-Per-Re (decerto em homenagem ao seu mestre egípcio e ao deus solar egípcio Re, ou Ra).

Mas o sujeito cujo papel mais se aproxima do de José atendia pelo nome de Aper-El (note a terminação “El”, nome do mais importante deus cananeu, na designação do rapaz – a mesma terminação está presente no nome “Israel”). Enterrado perto da metrópole egípcia de Mênfis, Aper-El parece ter sido o vice-rei ou vizir dos faraós Amenófis 3º e Amenófis 4º (ou Aquenaton, como ele preferia ser chamado), num período que vai de 1390 a.C. a 1336 a.C. É de se imaginar que esses cananeus poderosos acabavam se casando com mulheres da aristocracia egípcia, como aconteceu na história de José.

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