“A Bíblia é verdadeira, e parte dela aconteceu”
“A Bíblia é verdadeira, e parte dela aconteceu mesmo”, costumava dizer, de brincadeira, o teólogo americano Marcus Borg, que nasceu luterano e se tornou membro da Igreja Episcopal.
Foi com pesar que fiquei sabendo da morte de Borg, que faleceu nesta semana de fibrose pulmonar, aos 72 anos (um obituário bastante detalhado em inglês pode ser lido aqui). O teólogo, especialista nas origens do Novo Testamento e do cristianismo, foi uma das figuras mais importantes da atual fase de estudos sobre a figura histórica de Jesus.
Muito do que Borg escreveu, frequentemente em parceria com seu colega irlandês John Dominic Crossan, um ex-padre, é bastante polêmico e não pode ser considerado consenso entre os historiadores dos inícios do cristianismo. A dupla, por exemplo, costumava enfatizar a chamada escatologia realizada — ou seja, a ideia de que a pregação de Jesus não falava de uma chegada sobrenatural do reino de Deus, nem da vida após a morte, mas da presença de Deus no cotidiano da comunidade de discípulos, em seu aspecto terreno.
Nesse ponto, é provável que Borg estivesse enganado, mas suas obras valem muito a leitura, de qualquer modo, pela erudição e pela luz que lançam sobre o contexto em que Jesus e seus discípulos viveram. Recomendadíssimo, por exemplo, é sua análise das narrativas do nascimento e da infância de Cristo escrito em parceria com Crossan. O livro se chama “O Primeiro Natal: O Que Podemos Aprender com o Nascimento de Jesus”, e foi editado no Brasil pela Nova Fronteira.
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