Corão no Nobel de Física
Você já imaginou um físico ganhador do Nobel citando o Corão, livro sagrado dos muçulmanos, na cerimônia em que recebeu o prêmio máximo da ciência?
Pois foi exatamente o que fez o paquistanês Mohammad Abdus Salam (1926-1996), que levou o Prêmio Nobel em Física de 1979 por sua contribuição à compreensão unificada de duas forças fundamentais da natureza, o eletromagnetismo e a força nuclear fraca (é, eu sei que o nome é estranho, mas é isso mesmo).
Eis a citação corânica feita por Salam ao receber a láurea:
“Não vês, na criação do Todo-Misericordioso, nenhuma imperfeição. Vira teu olhar, vês alguma fissura? Então vira teu olhar, de novo e de novo. Teu olhar retorna a ti maravilhado, exausto”.
E Salam completou, com suas próprias palavras: “Essa é, com efeito, a fé de todos os físicos: quando mais profundamente buscamos, mais o nosso assombro aumenta, maior é o maravilhamento do nosso olhar”.
A ironia aqui, apesar da defesa apaixonada do islamismo feita pelo físico, é que ele se autoexilou do Paquistão, em protesto contra uma lei que declarava sua seita, a Ahmadiyya, “não islâmica”. Trata-se de um movimento muçulmano fundado no século 19 que se caracteriza, por um lado, por crenças messiânicas na figura de seu fundador, Mirza Ghulam Ahmad, e por outro lado numa visão pacifista do Islã.
Acho que vale pensar em Abdus Salam toda vez que você se sentir tentado a fazer equação “muçulmano = terrorista”. O Islã, graças a Deus (ou a Alá), é bem mais do que isso.
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