Lagosta gigante do Demo

Reinaldo José Lopes

Talvez eu esteja exagerando nos adjetivos aqui, mas é só um pouquinho. O bicho não era uma lagosta nem, óbvio, tinha pacto com o Cramulhão, mas sou capaz de apostar que até ateus se persignariam diante do Pentecopterus decorahensis, um escorpião-do-mar que media quase 2 metros de comprimento e viveu há 460 milhões de anos na região que hoje corresponde a Iowa, no Meio-Oeste dos Estados Unidos.

Reconstrução do escorpião-do-mar, que era tão grande quanto um ser humano. (Crédito: Patrick Lynch/Universidade Yale)
Reconstrução do escorpião-do-mar, que era tão grande quanto um ser humano. (Crédito: Patrick Lynch/Universidade Yale)

A espécie fóssil acaba de ser descrita por James Lamsdell e seus colegas da Universidade Yale (EUA) em artigo na revista científica “BMC Evolutionary Biology”. Trata-se do mais antigo membro conhecido do grupo dos escorpiões-do-mar, hoje extintos, e certamente um dos mais assustadores e bizarros por conta dos apêndices corporais extremamente especializados. Aliás, apesar do apelido de escorpiões, tudo indica que seus parentes mais próximos no mundo moderno são as aranhas, com as quais compartilham a anatomia altamente especializada.

O bicho ganhou seu nome pela semelhança com os pentecônteros, navios de guerra da Grécia Arcaica que, por sua vez, lembram um pouco os barcos vikings.

Os fósseis da espécie estão muito bem preservados, permitindo que os pesquisadores analisam até rugosidades e “pelinhos” na casca do monstro. A ponta do exoesqueleto dele possui um apêndice em forma de remo, que certamente o propelia mar adentro. O segundo e terceiro pares de apêndices (são quatro pares no total, como as aranhas) eram virados para a frente, o que provavelmente indica que eles serviam para capturar as pobres presas desses invertebrados. Já as patas traseiras eram recobertas com estruturas que podem ter ajudado no nado ou na sensibilidade a vibrações na água.

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