Game of Darwin
Estava eu entretido na leitura de meu exemplar recém-adquirido de “O Mundo de Gelo & Fogo: A História Não Contada de Westeros e As Crônicas de Gelo e Fogo” quando me deparei com uma passagem positivamente darwinista. Vejam só:
“A grande beleza dos valirianos — com o cabelo loiro-prateado ou dourado-pálido e olhos em tons de violeta não encontrados em outras pessoas do mundo — é bem conhecida e, em geral, usada como prova de que este povo não era inteiramente do mesmo sangue dos outros homens. Mesmo assim, há meistres que apontam que, através do cruzamento cuidadoso de animais, é possível obter um resultado desejável, e que populações isoladas com frequência podem mostrar variações bastante notáveis do que poderia ser considerado comum. Essa pode ser uma resposta mais provável ao mistério da origem valiriana.”
Quem já leu “A Origem das Espécies” talvez perceba que essa passagem é praticamente uma paródia do estilo vitoriano do véio Darwin — o começo do clássico fundador da biologia evolutiva é justamente uma ampla discussão de como a seleção artificial de características de animais é capaz de produzir, num intervalo de tempo curto, efeitos similares ao que a evolução produz em períodos bem mais compridos.
Como se não bastasse, aquele finalzinho sobre as populações isoladas bate muito bem com o que os biólogos modernos sabem sobre o chamado efeito fundador, quando parte de uma população maior coloniza uma região isolada e, por carregar apenas uma fração pequena da diversidade genética da população original, acaba tendo características peculiares num grau muito mais comum do que se esperaria.
Até que esses meistres de Westeros não estavam mal pra uma civilização de nível tecnológico medieval. Esse tal de Game of Thrones virou meio que um Game of Darwin, senhoras e senhores.
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