“Além de Darwin” em versão ebook!
O primeiro livro de divulgação científica a gente nunca esquece. O meu, chamado “Além de Darwin”, eu consegui colocar nas livrarias no já longínquo ano de 2009, como parte das comemorações dos 150 anos de publicação de “A Origem das Espécies”, o clássico de Darwin que lançou as bases da biologia evolutiva. Acontece que os exemplares impressos do livro acabaram se esgotando. Mas não queria que o bichinho simplesmente fosse parar no Céu das Obras de Ciência Para Leigos. Por isso, como detentor dos direitos autorais e com a autorização da Editora Globo, que publicou o livro originalmente, resolvi ressuscitá-lo em encarnação virtual — e por um precinho megacamarada!
“É doirreal”, como diriam os poetas das barracas de ambulantes. Sério: por apenas R$ 2, você pode adquirir o livro eletrônico na Amazon. Como aperitivo, eis a introdução do livro abaixo. Espero que o insigne leitor se interesse. Apesar dos seis anos de idade, devo dizer, modéstia à parte, que meus textos envelheceram bastante bem — não tem nada com cheiro de naftalina por lá.
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Como ler este livro
Nenhum aspecto da vida na Terra, das hélices moleculares das bactérias às emoções humanas, tem sentido sem a força iluminadora da teoria da evolução. Faz um século e meio que a biologia evolutiva foi fundada por Charles Robert Darwin (1809-1882) com a publicação do livro Sobre a Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural (normalmente encurtado para A Origem das Espécies em português). Desde então, o alicerce lançado por Darwin deu lugar a um edifício imponente, que confirmou a essência do que o naturalista britânico propunha e, ao mesmo tempo, ampliou de forma vertiginosa o conhecimento que temos sobre a origem e a natureza dos seres vivos. O livro que você tem em mãos é um passeio pela versão mais atualizada e empolgante desse legado.
Na introdução, ou Você está aqui, como decidi batizar essa seção, meu objetivo é proporcionar uma visão telescópica, de longo alcance, da história da vida no nosso planeta, do começo obscuro nas fornalhas da atmosfera primitiva da Terra ao surgimento dos ancestrais da nossa própria espécie. Veremos que não havia nada de inevitável nesse caminho, que repetidas vezes o que chamamos de vida complexa chegou muito perto de ser aniquilada, apenas para voltar a florescer teimosamente neste cantinho do Universo. Por último, e não menos importante, lembraremos que, apesar da profusão de animais e plantas que parecem governar o mundo hoje, seria mais justo dizer que os donos da biosfera são os mesmos de 3,5 bilhões de anos atrás: as bactérias.
Após esse panorama, começamos a examinar o papel fundamental do sexo para inúmeras formas de vida na seção Parceiros. Além de abordar a questão de 1 milhão de dólares (afinal, por que os seres vivos se dão ao trabalho de fazer sexo se dá para se reproduzir sem ele?), a ideia é mostrar como essa necessidade molda o comportamento humano e animal e as diferenças essenciais entre machos e fêmeas.
A seção Mentes busca desmontar de vez o mito da inteligência como atributo exclusivo da nossa própria espécie (não que nove entre dez donos de cachorros alguma vez tenham aderido a essa doutrina estapafúrdia). A diferença entre nós e o resto das formas de vida nesse quesito é menor do que gostaríamos, e o estudo de seres como golfinhos, corvos e até polvos pode se tornar uma ferramenta valiosa para compreender a “receita” evolutiva responsável por inteligências avançadas. De quebra, espero lançar alguma luz sobre as raízes de algumas características básicas da mente humana.
É bem possível que Darwin ficasse surpreso e encantado com as descobertas relatadas na seção Peças, porque elas envolvem descobertas relativamente recentes da biologia molecular. As “peças” em questão são os mecanismos biomoleculares básicos que ajudam a construir os corpos dos seres vivos e, assim, funcionam como matéria-prima para as novidades evolutivas de grande escala – coisas como a transformação de lagartos em cobras ou de células simples, bacterianas, nas células complexas e simbióticas que carregamos. Em seguida, a seção Elos mostra que tais transições têm muito pouco de especulação: os paleobiólogos de hoje contam com um conjunto impressionante de fósseis, documentando, muitas vezes passo a passo, a origem de criaturas tão complexas e adaptadas a seu ambiente quanto aves (“filhas” dos dinossauros) ou baleias (descendentes diretas de mamíferos terrestres de casco, como os porcos e hipopótamos). Dizer que não existe o “elo perdido” é ignorar que multidões de “elos perdidos” adornam as prateleiras dos museus do mundo.
A seguir, voltando para o presente, Formas revela como as variantes mais bizarras e idiossincráticas da anatomia e da bioquímica dos seres vivos ganham sentido diante dos desafios evolutivos que tais criaturas, como ornitorrincos ou ratos-toupeiras-pelados, tiveram de enfrentar. A seção Esperanças mostra que uma teoria de poder explicativo tão grande inevitavelmente nos leva a repensar o nosso relacionamento com outras formas de vida, e o papel da espécie humana no planeta. O que deve mudar nas nossas tradições espirituais? É lícito tratar outros animais como totalmente separados e distintos de nós? Finalmente, a conclusão, que apelidei de Daqui para a frente, tenta condensar essas preocupações numa visão inevitavelmente pessoal do significado da compreensão da evolução para o nosso futuro na Terra. Boa leitura!
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Conheça meu novo livro — “Deus: Como Ele Nasceu”, uma história da crença em Deus das cavernas ao Islã. Disponível nos sites da Livraria Cultura e da Saraiva
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