Jerusalém peneirada

Reinaldo José Lopes

Em que lugar do mundo é possível fazer descobertas arqueológicas relevantes peneirando entulho? Oras, em Jerusalém, é claro.

Esse é basicamente o objetivo do Projeto de Peneiramento (sério!) do Monte do Templo, coordenado por um professor emérito de arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém, chamado Gabriel Barkay. O projeto, que está completando dez anos de existência, começou por causa de um bafafá político.

Uma das descobertas do projeto, um selo (espécie de carimbo para documentos) que dataria do ano 1000 a.C. (Crédito: Divulgação)
Uma das descobertas do projeto, um selo (espécie de carimbo para documentos) que dataria do ano 1000 a.C. (Crédito: Divulgação)

É que, em 1999, grupos palestinos retiraram parte dos sedimentos que ficam na base do Monte do Templo (hoje ocupado pela mesquita Al-Aqsa e pelo Domo da Rocha, santuários islâmicos, mas no qual havia o Templo de Jerusalém na Antiguidade) para abrir uma passagem subterrânea e basicamente jogaram toneladas desse material fora.

Os habitantes israelenses de Jerusalém obviamente não ficaram felizes com o fato, porque o Monte do Templo é pouquíssimo conhecido do ponto de vista arqueológico, já que praticamente não dá para mexer nele por causa da presença de santuários muçulmanos por lá. Além disso, o lugar também é sagrado para os judeus. Mas Barkay deu um jeito de recuperar o entulho e usar uma série de métodos delicados para peneirá-lo em busca de vestígios arqueológicos.

Nesses dez anos de pesquisa, a equipe já achou um pouco de tudo: fragmentos de cerâmica e vidro, pontos de flecha de bronze, ossos, tecidos e até uma descoberta rara, um selo (espécie de carimbo para marcar documentos) mais ou menos contemporâneo do rei David, ou seja, datando do ano 1000 a.C. (confira a foto acima).

Mais informações sobre o trabalho estão neste texto do jornal “Jerusalem Post”, e neste aqui também.

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