Morte na família Graco

Reinaldo José Lopes

O político romano Tibério Graco (169 a.C.-133 a.C.), que tentava aprovar leis em favor da reforma agrária, foi assassinado com pancadas dadas com uma perna de cadeira (pois é…) por seu primo Públio Cornélio Cipião Násica Serápio, ex-cônsul (o maior cargo da República romana) e pontífice máximo (chefe do colégio de sacerdotes, título herdado inclusive pelos imperadores e papas) de Roma. O primo de Graco foi ajudado por centenas de senadores no ataque ao político reformista e a seus seguidores.

“Conta-se que Serápio partiu para a briga cobrindo a cabeça com sua toga, como os sacerdotes romanos costumavam fazer ao sacrificar animais aos deuses. Estava tentando, imagina-se, fazer com que o assassinato parecesse um ato religioso”, escreve a classicista britânica Mary Beard em seu sensacional novo livro “SPQR: A History of Ancient Rome” (“SPQR: Uma História da Roma Antiga”).

Misturar religião com violência política não é privilégio do Islã (ou do cristianismo, ou do monoteísmo de modo geral), senhoras e senhores.

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