Jesus histórico: brevíssima definição
Se você acha esse papo de “Jesus histórico” meio confuso, o sujeito que explica a ideia com o maior grau de clareza e moderação que conheço é o historiador e padre americano John P. Meier, autor da série de livros “Um Judeu Marginal”. Veja o que ele diz no mais recente volume da coleção a ser publicado (pois é, já são CINCO volumes enormes, e ele ainda nem chegou às narrativas da Paixão de Cristo…):
“Como tenho ressaltado ao longo desta série, o ‘Jesus histórico’ não é sinônimo do ‘Jesus real’. Esse segundo personagem envolveria, ao menos em princípio, tudo o que Jesus de Nazaré disse, fez e experimentou nos trinta e poucos anos de sua vida na primeira metade do século 1º d.C. Boa parte dessa realidade total de quem Jesus foi está perdida para nós e jamais será recuperada. Por outro lado, o Jesus histórico é um construto abstrato criado por especialistas modernos que aplicam métodos histórico-críticos a fontes antigas. Se os estudiosos aplicarem esses métodos às fontes apropriadas com habilidade profissional, lógica cuidadosa e integridade pessoal, temos boas razões para esperar que seu construto abstrato se aproxime de, e coincida parcialmente com, um judeu do século 1º chamado Jesus de Nazaré. Considerando as limitações severas de nossas fontes, o encaixe entre um construto histórico do século 21 e a realidade histórica completa do século 1º nunca será perfeita. Na melhor das hipóteses, será uma aproximação mais ou menos acurada de algumas das coisas que Jesus disse e fez durante os últimos anos de sua vida.”
Uma das (muitas) boas sacadas de Meier na série é a, digamos, parábola do Conclave Não Papal: tranque numa sala quatro historiadores diferentes (um católico, um protestante, um judeu e um agnóstico/ateu) e só deixe os coitados saírem de lá quando chegarem a um documento de consenso sobre os feitos e ditos históricos de Jesus. É mais ou menos isso o que ele tenta fazer.
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