My name is LUCA

Reinaldo José Lopes

E não, o LUCA de que estamos falando não vive no segundo andar, diferentemente do Luka do hit da boa e velha Suzanne Vega. Para os biólogos, “LUCA” é a sigla inglesa da expressão “último ancestral comum universal” e quer dizer exatamente isso: a criatura que estaria na raiz da árvore genealógica de todos os seres vivos de hoje, da qual todos nós descenderíamos. Um novo estudo acaba de fazer um retrato falado do LUCA, com base em análises de DNA, e os resultados dão mais força à ideia de que esse organismo — um micróbio bastante simples — teria vivido nas chaminés submarinas que existiam há bilhões de anos.

A pesquisa está na revista científica “Nature Microbiology” e foi coordenada por William Martin, da Universidade de Dusseldorf, na Alemanha. Basicamente, Martin e companhia analisaram um caminhão de genes de espécies microbianas — cerca de 6 milhões — e chegaram a uma lista bem menor de genes (cerca de 350) que parecem ser suficientemente antigos a ponto de serem atribuídos ao velho LUCA (não com a forma que possuem hoje, é claro, mas com formas similares). Muitos desses genes são compartilhados por bactérias e Archaea (micróbios simples sem núcleo, mas bem diferentes das bactérias), mas não todos, porque a ideia era identificar o que havia de especial no LUCA.

Os principais resultados: era um micro-organismo anaeróbico (ou seja, não vivia na presença de oxigênio; nada surpreendente, considerando que quase não havia oxigênio na Terra primitiva), usava gás carbônico para produzir energia, como as plantas atuais (mas por métodos bem diferentes); vivia num ambiente quente, rico em hidrogênio e ferro.

Esses últimos pontos apontam fortemente para a origem em chaminés vulcânicas submarinas, locais do fundo do oceano onde a água gelada do mar profundo entra em contato com os gases e minerais cuspidos por rombos na crosta do planeta. Outro detalhe importante é que LUCA parece não ter sido capaz de realizar sozinha certas reações químicas cruciais para a sobrevivência das células modernas — mas o ambientes das chaminés ou fumarolas submarinas teria quebrado o galho para ele, realizando naturalmente essas reações, de forma que a célula primitiva só precisava se aproveitar delas.

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