Primatas japoneses
O primatólogo holandês-americano Frans de Waal nos conta uma página esquecida — e preconceituosa — do estudo dos parentes mais próximos da humanidade:
“É inacreditável, mas houve uma época em que professores ocidentais avisavam seus estudantes para manter distância dos pesquisadores da escola japonesa de primatologia, porque eles tinham o hábito de dar nomes aos macacos que estudavam, o que era considerado ‘humanizante’ demais. E havia, é claro, a barreira da língua. Junichiro Itani teve de enfrentar a descrença de muitos ao visitar universidades americanas em 1958, porque ninguém acreditava que ele e seus colegas conseguiam diferenciar entre uma centena ou mais de macacos. Os bichos são tão parecidos que muita gente achava que Itani estava simplesmente inventando. Certa vez, ele me contou que debocharam abertamente dele nesses eventos, sem que ninguém o defendesse, exceto o grande pioneiro americano Ray Carpenter, que viu o valor de sua abordagem.”
Hoje, é claro, todo mundo dá nomes a macacos – e a baleias, e a leões. Demorou, mas ao menos os cientistas passaram a ver membros de outras espécies como indivíduos. Um dia a gente aprende.
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