Uma ameba chamada Gandalf

Reinaldo José Lopes

Novas espécies batizadas com nomes que homenageiam personagens de “O Senhor dos Anéis” já viraram meio carne de vaca – já vi sapo, aranha, mamífero fóssil, o diabo a quatro. Mas quase nunca as criaturas em questão possuem alguma semelhança com o personagem homenageado, o que significa que sim, minha gente, a ameba-Gandalf é sensacional.

Conheçam a Arcella gandalfi, um micro-organismo achado em águas do Rio de Janeiro e do Amapá cuja carapaça, meu Eru Ilúvatar do céu, é praticamente idêntica ao chapelão usado pelo Mago Cinzento dos livros e do cinema. A foto diz tudo.

A criaturinha, que passa sua vida flutuando na água, foi descrita por uma equipe chefiada por Daniel Lahr, da USP. O formato de chapéu de mago corresponde a uma camada protetora na parte externa do micróbio, e é realmente única – em geral, como reza o estereótipo a respeito das amebas, esses organismos têm formato hemisférico ou de disco.

Ninguém sabe muito bem por que amebas possuem essas coberturas, e menos ainda porque uma delas se daria ao trabalho de fazer cosplay de Gandalf. O termo “carapaça” sugere proteção contra predadores, mas as amebas, coitadas, são devoradas com uma frequência tão grande por outros micro-organismos que isso não parece fazer muito sentido.

Outras hipóteses são: proteção contra ressecamento em períodos de seca (a carapaça ajudaria a conservar água lá dentro) e atuar como uma barreira contra os raios ultravioleta do Sol – que podem danificar a criatura do mesmo jeito que queimam a sua pele quanto você não usa protetor solar. O estudo descrevendo a espécie saiu na revista “Acta Protozoologica”.

Seja como for, foi um prazer te conhecer, ameba-Gandalf – ou, como diriam os elfos, “mae govannen, mellon!” (“que bom encontrá-lo, amigo!”).

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