A incrível jornada da dourada
O peixe de água doce que faz a migração mais épica de todos os tempos éééé do Brasil-sil-sil, senhoras e senhores – ou, pelo menos, é da Amazônia. Uma salva de palmas para a dourada (Brachyplatystoma rousseauxii), bicho que percorre uma distância que chega a ser o dobro da extensão territorial inteirinha dos Estados Unidos – um total de 11,6 mil quilômetros – ao longo de seu ciclo de vida. É oficialmente a mais longa migração realizada por um peixe que não seja marinho.
Os dados vêm de um levantamento coordenado por Ronaldo Barthem, do Museu Paraense Emilio Goeldi, que acaba de ser publicado na revista especializada “Scientific Reports”. Barthem e seus colegas fizeram um mapeamento detalhado da presença dos indivíduos adultos, dos ovos e das larvas da dourada e de outros grandes bagres aparentados a ela (a piramutaba, o babão e a zebra) que vivem nos rios amazônicos. (Aliás, adorei descobrir, ao ler o artigo científico, que o nome desses bichos em inglês é “bagre-golias” – de fato, eles são enormes.)
O que acontece, minha gente, é que a dourada às vezes sai da foz do Amazonas, nas imediações de Belém, e vai botar seus ovos na casa do chapéu, nos Andes! Depois de nascerem, as larvas vão lentamente descendo os rios, numa viagem rumo ao estuário do Amazonas que pode durar até dois anos. Além de lindo e heroico, o bicho é muito importante economicamente para os pescadores da região, e pode acabar levando um sufoco com a proliferação de hidrelétricas projetada para a Amazônia nas próximas décadas.
Este vídeo (infelizmente em inglês) conta um pouco mais sobre as façanhas do peixão:
Morra de inveja, salmão!
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