Catálogo do capeta

Reinaldo José Lopes

Ou melhor, dos capetas – para ser mais exato, dos demônios que aterrorizavam a comunidade judaica da Babilônia (atual Iraque) entre o fim da Antiguidade e o começo da Idade Média. Sim, é basicamente isso o que você vê na imagem acima, gentil leitor. Pela primeira vez, pesquisadores montaram um guia visual dessas figuras a partir do material arqueológico encontrado na antiga Mesopotâmia.

A principal responsável pela compilação é a arqueóloga e historiadora da arte israelense Naama Vilozsni, conforme conta o jornal “Haaretz”, de Israel.

As imagens foram desenhadas durante os séculos 3º e 7º d.C. em artefatos fascinantes, as chamadas gamelas de encantamento. Parece maluquice, mas essas gamelas ou tigelas podem ser descritos como ratoeiras para demônios.

Especialistas em magia desenhavam a figura do demônio – em geral com nome específico, com as mãos e os pés acorrentados – no fundo da tigela, preenchiam o resto da superfície interna do objeto com imprecações rituais contra a criatura das trevas (coisas como “Estás detido e selado com sete selos e oito cordas!”, só que em aramaico, naturalmente) e colocavam a gamela emborcada, com a abertura virada para baixo, nas fundações de uma casa a ser construída. Acreditava-se que isso protegeria os moradores da casa das influências demoníacas.

Entre as “demônias”, a mais importante era Lilith, retratada nua na imagem acima (no alto, à esquerda); entre os demônios, figuras como Samael e Ashmedai (ou Asmodeu, como é chamado no Livro de Tobias, da Bíblia católica).

Gamela de encantamento com o demônio Ashmedai/Asmodeu no meio (Crédito: Reprodução)

Vale muito a leitura completa do texto do “Haaretz” para quem sabe inglês.

PS – A dica para este post veio de um dos mais brilhantes filhos de Israel deste Brasil varonil, o jornalista David Butter.

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