Os problemas sérios das propostas de Bolsonaro (e de outros liberais) para a ciência
O programa de governo do candidato Jair Bolsonaro (e também de outros candidatos de viés liberal, como João Amôedo) defende que a ciência brasileira tem de ser financiada pela iniciativa privada porque o modelo de investimento público “está totalmente esgotado”. Será mesmo? Em algum lugar do mundo existe ciência de ponta sem investimento público? A resposta é um retumbante “Não!”, como tento explicar neste vídeo.
Convido a todos os leitores a conferirem excelentes explanações sobre o tema, que me ajudaram muito, neste link e também neste aqui, ambos do site Direto da Ciência, editado pelo mestre do jornalismo científico Mauricio Tuffani. O primeiro foi escrito pela colega Cinthia Leone.
Para quem não gosta de vídeo, uma brevíssima explanação em texto:
1)A ideia de que investimentos privados vão produzir ciência de alto nível e grandes inovações tecnológicas tem muito de falácia. Embora haja muitas empresas inovadoras no mundo desenvolvido, a ciência básica continua a ser financiada pelo Estado, a fundo perdido, no planeta inteiro;
2)É justamente a ciência básica a responsável por gerar as novas tecnologias — atenção para o palavrão adorado pelo mundo do coaching — realmente “disruptivas”, que criam novas indústrias, novas áreas de economia que ninguém sonhava antes. Foi assim com o laser, com a nanotecnologia, está sendo assim com a edição de DNA;
3)É irônico Bolsonaro mencionar o grafeno e o nióbio em seu programa de governo porque são justamente exemplos de coisas que a gente só sabe aplicar em produtos porque houve a ciência básica — aquela que “não serve pra nada” — antes.
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