Como dinossauros fazem aniversário? Nos ossos, é claro

Reinaldo José Lopes

Nunca me canso de contar aos leitores desta Folha sobre novas descobertas da paleontologia brasileira, em especial envolvendo dinossauros, é claro, e meu relato recente sobre a descrição formal do pequeno dino carnívoro Nhandumirim waldsangae não foi exceção. Apesar de o esqueleto do bicho não estar completo, os pesquisadores conseguem dizer muita coisa a respeito dele — incluindo a idade. Tudo indica que o animal morreu entre os dois e os três anos de idade. Mas como, diacho, é possível estimar isso? Graças às chamadas LAGs nos ossos.

LAGs, sigla que significa algo como “linhas de crescimento detido” em inglês, são exatamente o que o nome sugere: marcas nos ossos longos dos membros (no caso do Nhandumirim, trata-se da fíbula, o osso da panturrilha). Tais linhas costumam se formar em ritmo anual, correspondendo a fases em que o crescimento dos ossos diminui por causa da relativa falta de recursos alimentares ligada a flutuações sazonais (o inverno ou o tempo da seca, por exemplo). Depois que a carestia passa, retoma-se o crescimento acelerado, com a constante alternância de linhas.

No caso de nosso dino gaúcho, havia duas LAGs na fíbula — ou seja, ao menos dois anos de sua vida já tinham transcorrido quando ele foi desta para uma melhor no distante período Triássico. Acreditava-se que as LAGs eram típicas de animais com metabolismo lento e “sangue frio”, como répteis e anfíbios, mas grandes mamíferos herbívoros, na verdade, também as têm.

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