Nanismo e gigantismo insular: um guia para os perplexos

Reinaldo José Lopes

Como os leitores desta Folha talvez tenham reparado ao ler minha reportagem de ontem, agora temos mais uma espécie de hominídeo de tamanho “hobbit”, o Homo luzonensis, das Filipinas. A descoberta chama a atenção para um fenômeno que parece afetar vertebrados onde quer que eles acabem isolados em ilhas: o chamado nanismo insular. E existe também, paradoxalmente, o gigantismo insular. O que diabos está acontecendo nesses casos?

Veja, por exemplo, a coisa fofa que aparece na imagem acima, o Mammuthus creticus, ou mamute-anão-de-Creta. Como o nome sugere, o bichinho viveu na ilha grega de Creta e media, já adulto, o mesmo que um elefante-africano recém-nascido dos dias de hoje. Parece que o que controla esse processo é a restrição de espaço e recursos alimentares. Ambientes de ilhas têm, é claro, muito menos espaço que o ambiente continental, e oportunidades mais restritas de alimentação, o que significa que uma população de bichos grandes “enche” aquele lugar com muito mais facilidade.

O que faz sentido, portanto, é que a seleção natural acabe favorecendo, ao longo das gerações, animais que conseguem se virar com menos recursos, sendo, portanto, proporcionalmente menores. A mesma coisa aconteceu com os mais variados grupos ao longo da evolução — temos exemplos de bovinos, hipopótamos, lobos e até preguiças com nanismo insular, sem falar nos hominídeos, é claro.

E quanto ao gigantismo de ilhas? Ele costuma acontecer quando as condições iniciais são opostas, ou seja, bichos que normalmente são pequenos que vão parar em ilhas onde há poucos predadores e recursos abundantes. Aí a tendência é eles acabarem se tornando grandalhões, caso do extinto dodô (Raphus cucullatus), bicho que media 1 m de altura mas descende de um simples pombo, ou de uma série de ratos gigantes achados em diversas ilhas planeta afora.

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