Nanismo e gigantismo insular: um guia para os perplexos
Como os leitores desta Folha talvez tenham reparado ao ler minha reportagem de ontem, agora temos mais uma espécie de hominídeo de tamanho “hobbit”, o Homo luzonensis, das Filipinas. A descoberta chama a atenção para um fenômeno que parece afetar vertebrados onde quer que eles acabem isolados em ilhas: o chamado nanismo insular. E existe também, paradoxalmente, o gigantismo insular. O que diabos está acontecendo nesses casos?
Veja, por exemplo, a coisa fofa que aparece na imagem acima, o Mammuthus creticus, ou mamute-anão-de-Creta. Como o nome sugere, o bichinho viveu na ilha grega de Creta e media, já adulto, o mesmo que um elefante-africano recém-nascido dos dias de hoje. Parece que o que controla esse processo é a restrição de espaço e recursos alimentares. Ambientes de ilhas têm, é claro, muito menos espaço que o ambiente continental, e oportunidades mais restritas de alimentação, o que significa que uma população de bichos grandes “enche” aquele lugar com muito mais facilidade.
O que faz sentido, portanto, é que a seleção natural acabe favorecendo, ao longo das gerações, animais que conseguem se virar com menos recursos, sendo, portanto, proporcionalmente menores. A mesma coisa aconteceu com os mais variados grupos ao longo da evolução — temos exemplos de bovinos, hipopótamos, lobos e até preguiças com nanismo insular, sem falar nos hominídeos, é claro.
E quanto ao gigantismo de ilhas? Ele costuma acontecer quando as condições iniciais são opostas, ou seja, bichos que normalmente são pequenos que vão parar em ilhas onde há poucos predadores e recursos abundantes. Aí a tendência é eles acabarem se tornando grandalhões, caso do extinto dodô (Raphus cucullatus), bicho que media 1 m de altura mas descende de um simples pombo, ou de uma série de ratos gigantes achados em diversas ilhas planeta afora.
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