O amor é um imperativo cósmico? Sim, sugere a evolução!
Neste vídeo especial do Dia dos Namorados, decidi argumentar que, do ponto de vista cósmico, o amor é um resultado inevitável da evolução da complexidade social e da inteligência. E aí, o que vocês acham? Confiram o vídeo abaixo.
Uma bela descrição das emoções dos animais está no novo livro do primatólogo Frans de Waal, chamado Mama’s Last Hug.
Se você prefere texto e apenas texto, eis uma versão do argumento do vídeo, levemente adaptada de meu livro “Os 11 Maiores Mistérios do Universo”. Vamos a ela?
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Pode muito bem ser que o amor seja um fenômeno inevitável Cosmos afora.
O raciocínio para chegar a essa conclusão aparentemente estapafúrdia nem é tão complicado assim. Ele nasce de uma das poucas constatações razoavelmente firmes às quais chegamos depois de décadas de estudo sobre a evolução da inteligência.
Esse tipo de pesquisa tem mostrado, em primeiro lugar, que inteligências razoavelmente avançadas — a principal “nota de corte” para atingir essa categoria é um nível considerável de autoconsciência, demonstrado pela capacidade de se reconhecer no espelho — evoluíram repetidas vezes só neste nosso planetinha rochoso.
Além da nossa própria e orgulhosa espécie sapiente, vários grandes primatas, como chimpanzés, gorilas e orangotangos, também passam nesse vestibular, assim como golfinhos, orcas, elefantes — e até pegas, uma ave europeia aparentada aos corvos.
Portanto, espécies desse tipo existem por toda parte aqui na Terra, mas há um ponto importantíssimo que as une. São todas espécies altamente sociais e que, ao mesmo tempo, são compostas por indivíduos de verdade, como nós.
Tal como nós, também precisam lidar com os desafios deliciosamente torturantes de viver cercados por outras criaturas de mente complexa, de antecipar seus desejos e suas intenções.
Acredita-se que o principal combustível para a evolução da complexidade cerebral em todos esses bichos tenha sido justamente a pressão trazida pela vida social. E outro ponto que une todas essas espécies é o loooongo período de “cuidado parental”, ou seja, de profunda ligação entre mães (às vezes pais também) e filhotes para que os últimos consigam desenvolver todo o seu potencial.
Em todo esse desenvolvimento evolutivo, o papel das emoções e daquilo que chamamos de amor não pode ser negligenciado. A capacidade de se reconhecer no espelho equivale à capacidade de reconhecer os demais como indivíduos e de forjar elos profundos e de longo prazo com eles.
Se existir vida complexa em outros cantos do Universo, e se ela começar a escalar os degraus da inteligência, parece bastante provável que ela siga um caminho parecido — e redescubra, tal como nós descobrimos neste planetinha, o amor.
Feliz Dia dos Namorados pra todos!