Quem trabalha como jornalismo científico, como eu, de quando em vez ouve a seguinte reclamação dos pesquisadores que entrevistamos e de gente do meio acadêmico com interesse na área: por que não colocamos links para o artigo científico original nos nossos textos?

Explicando um pouco melhor para quem não é da área: quando você lê uma reportagem sobre uma nova descoberta, em qualquer área da ciência, quase sempre é porque antes essa descoberta foi publicada formalmente numa revista científica que trabalha com revisão por pares. Ou seja, outros membros da comunidade científica, em geral de forma anônima, leram aquele trabalho antes da publicação e, espera-se, tentaram filtrar erros ou bobagens antes.

De qualquer modo, o trabalho “bruto”, as conclusões dos próprios cientistas, estão ali naquele “paper”, ou artigo. Em tese, isso significa que o leitor que tiver o link para a publicação original em suas mãos poderá conferir por si mesmo os resultados, sem precisar da mediação do texto jornalístico.

Até aí, beleza. Daqui para a frente, no blog, tentarei sempre disponibilizar esses links (se eu me esquecer, por favor avisem!), caso eles existam.

Mas é preciso recordar alguns detalhes:

— O texto quase sempre vai estar em inglês;

— A linguagem estará totalmente voltada para os pesquisadores daquela área;

— Muitas dessas revistas cobram, e caro, pelo acesso a cada artigo completo;

— É comum que os resultados sejam divulgados primeiro para a imprensa, com dia e horário de embargo, e só depois na revista propriamente dita, o que significa que nem sempre o link estará disponível de imediato.

Considerando essas limitações, é o caso de perguntar quantos leitores — considerando gente fora dos meios acadêmicos, em tese o público ideal do jornalismo científico — de fato vão se beneficiar com esse tipo de procedimento. E você, o que acha desse debate?

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