A genética da homossexualidade e o cânone literário do budismo

Reinaldo José Lopes

Na semana passada, tive a alegria de escrever para esta Folha uma reportagem sobre o maior estudo acerca das raízes genéticas da homossexualidade feito até hoje, envolvendo quase meio milhão de voluntários. Um dos coordenadores da pesquisa é um jovem biólogo computacional de origem tailandesa chamado Fah Sathirapongsasuti, da empresa de análises genômicas 23AndMe, com sede na Califórnia. A pesquisa tem um significado especial para Sathirapongsasuti porque ele é homossexual e relatou suas experiências de juventude procurando informações sobre um suposto “gene gay” na internet. Querendo saber mais sobre ele, acabei fuçando seu currículo online e descobri, para minha surpresa, que ele também é o criador da primeira compilação gratuita online das Escrituras budistas!

Trata-se do Wikipitaka, nome que é um trocadilho com “Tipitaka” (literalmente “três caixas” ou “três cestos”), como é conhecido o cânone sagrado da literatura budista. Os tais “cestos”, como explica o próprio site, são o “Vinaya Pitaka”, que reúne códigos de ética e moralidade, o “Sutta Pitaka”, contendo principalmente os discursos do próprio Buda, e o “Abhidhamma Pitaka”, que contém textos teóricos e exegéticos sobre as ideias de Buda.

Escritos originalmente em pali, língua aparentada ao sânscrito e a outros idiomas indo-europeus da Índia, os textos budistas estão sendo paulatinamente traduzidos e comentados pelos usuários do site. Interessados na riquíssima tradição budista que saibam inglês certamente terão muito a aprender com o monumental trabalho coordenado pelo jovem geneticista.

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