A incrível larva azul-fluorescente descoberta no Brasil

Reinaldo José Lopes

Se você ainda tinha alguma dúvida de que a biodiversidade brasileira é um troço incrível e surpreendentemente pouco conhecido, é com alegria que apresento o bicho do título: Neoceroplatus betaryensis, a incrível larva de mosquito que emite luz azul-fluorescente. Sim, é sério, e a foto acima definitivamente não me deixa mentir.

A descrição oficial do bicho pode ser lida gratuitamente (em inglês) neste artigo na revista especializada Scientific Reports. A espécie vem de um trecho de mata atlântica da Reserva Betary, em Iporanga (SP), sob os cuidados do IPBio (Instituto de Pesquisas da Biodiversidade). Participaram da descoberta cientistas de diversas instituições do país, entre eles Rafaela Falaschi, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR).

É a primeira vez que um bicho terrestre que emite esse tipo de luminescência é identificado na América Latina como um todo. As luzinhas emanam do último segmento do abdômen (recorde que insetos, como se tivessem montados com pecinhas de Lego, têm o corpo dividido em segmentos) e de dois pontos nas laterais do primeiro segmento do tórax.

Outros animais emitem esse tipo de luz para atrair presas ou para tentar afastar predadores — não está claro se esse é o caso das larvinhas brasileiras, que talvez apenas se alimentem de fungos. Seja como for, sempre é muito útil, além de fascinante, estudar animais “com luz própria” — as substâncias responsáveis pela luminosidade costumam ser muito úteis para a biotecnologia de ponta, ajudando a avaliar a eficácia de remédios e outros processos.

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