Escavação traz pistas sobre os primeiros cristãos da Etiópia
Escavações realizadas na antiga cidade etíope de Beta Samati estão trazendo informações importantes sobre os mais antigos cristãos da África ao sul do Saara. Um dos troféus do trabalho, coordenado por Michael Harrower, da Universidade Johns Hopkins (EUA), é o objeto na foto acima: um pingente com o desenho de uma cruz e a palavra “venerável” em gueês, idioma da Etiópia que ainda é usado na liturgia cristã.
A data estimada para o pingente e para a construção onde foi encontrada bate com o período no qual, segundo a tradição, a fé em Jesus teria chegado ao país africano: a primeira metade do século 4 de nossa era. Nesse período, o cristianismo passou a ser uma religião legalizada em Roma, e tudo indica que o fim da perseguição aos cristãos no Império Romano teria facilitado a ida de missionários para outras regiões do Velho Mundo.
E, de fato, a cruz foi achada entre os restos de um edifício cuja estrutura lembra uma basílica romana (originalmente, as basílicas eram locais administrativos imperiais, sendo sua estrutura, mais tarde, adaptadas para a função de culto). Também foi achada ali uma inscrição dizendo “que Cristo nos seja favorável”. Ao mesmo tempo, porém, foram desencavadas estatuetas bovinas, o que os pesquisadores interpretam como uma possível mistura de crenças cristãs e pagãs no local.
O relatório original sobre as descobertas em Beta Samati pode ser lido de graça aqui (em inglês).