O pensamento mágico (ou de magia negra) dos coronacéticos brasileiros

Gostaria de fazer uma reflexão velocíssima aqui, enquanto eu e meus colegas, jornalistas de ciência da Folha, continuamos mergulhados na cobertura do novo coronavírus.

É profundamente exasperante ver como ainda tem gente, tanto entre os política e economicamente influentes quanto entre a massa da população, enxergando de maneira conspiratória os efeitos da pandemia no país. Esses negacionistas do coronavírus, ou “coronacéticos”, como queiram, continuam falando em “pico que já passou e está sendo inflado”, em caixões vazios sendo enterrados, em suposta inexistência de um número maior de casos graves de doenças respiratórias graves e mortes causadas por elas neste ano.

Eu realmente gostaria de saber se esse povo acha que existe uma redoma mágica de vidro inquebrável e invisível cobrindo este Brasil varonil. Uma proteção sobrenatural que torna o Brasil, e apenas o Brasil, invulnerável diante de um vírus PARA O QUAL NENHUM SER HUMANO POSSUI DEFESAS NATURAIS. Ou será que os quase 80 mil mortos dos EUA e os 30 mil da Itália, do Reino Unido e da França (30 mil cada, vejam bem) também são invenção de conspiradores esquerdistas?

É pra deixar qualquer sujeito com o mínimo de cérebro e coração apoplético de raiva, sinceramente.

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