O segredo das transformações do vírus da gripe
Conforme acabo de explicar em reportagem para esta Folha, tudo indica que uma nova forma de vírus influenza (da gripe), com potencial de se tornar pandêmico, está emergindo nas populações de suínos domésticos da China. Ele é capaz de infectar humanos e combina características genéticas de três cepas pré-existentes de vírus da gripe. Vai ser preciso ficar de olho nele para que não se torne mais uma dor de cabeça de proporções globais.
Mas como os vírus da gripe conseguem ser tão camaleônicos?
A resposta não tem a ver apenas com mutações, ou seja, com alterações aleatórias em seu material genético. Outro fator importantíssimo é que os vírus influenza têm RNA (o equivalente do DNA em células como as nossas) segmentado, ou seja, dividido em pedaços definidos (em geral, são oito). Ou seja, não é um material genético contínuo, numa única molécula, como se vê entre outros vírus.
O que acontece quando dois tipos diferentes de vírus influenza infectam o mesmo hospedeiro? É bem possível que, na hora de “remontar” os vírus quando eles se multiplicam, informações vindas dos segmentos de RNA de vírus diferentes se misturem. O resultado equivale a misturar cartas de baralhos diferentes no mesmo monte embaralhado. Assim, novas combinações genéticas surgem — as quais nunca foram encontradas por hospedeiros até aquele momento, dificultando assim a reação das defesas do organismo.
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