Mais proteção garante diversidade de mamíferos no cerrado
Hoje, 11 de setembro, é Dia do Cerrado. O lugar frequentemente é visto como uma espécie de patinho feio dos biomas brasileiros, o que é uma tremenda injustiça — estamos falando de um dos ambientes ao mesmo tempo mais ricos em biodiversidade E mais ameaçados do Brasil e do mundo. Apenas 3% da área do cerrado corresponde a áreas com regras mais estritas de preservação ambiental. E, conforme mostra um novo estudo, a presença de tais áreas faz muita diferença para a variedade de espécies nesses locais.
Os dados estão neste artigo da revista Biological Conservation, que me foi gentilmente enviado por seu primeiro autor, Guilherme Braga Ferreira, do University College de Londres. Ferreira e seus colegas examinaram a diversidade de mamíferos em 517 locais espalhados pelo chamado mosaico Sertão Veredas-Peruaçu. Trata-se de um conjunto de áreas protegidas na margem esquerda do rio São Francisco, abrangendo partes do norte/noroeste de Minas e do sudoeste da Bahia.
Das 21 espécies estudadas, nove eram mais presentes nas áreas com proteção estrita e apenas uma era mais comum nas áreas com regras de proteção menos severas (dez delas não tiveram sua presença afetada por essa variável, aparentemente). A riqueza de espécies (ou seja, o número total de espécies diferentes) era quase o dobro nas áreas sob proteção rígida, e o efeito é ainda maior para os mamíferos de porte médio e grande (mais de 15 kg).
Isso significa, como bem me lembrou o autor do estudo pelo Twitter, maior chance de proteger espécies carismáticas, ameaçadas e importantíssimas para a dinâmica ecológica de seus ambientes, como tatus-canastras, lobos-guarás e antas.
Taí algo que vale muito mais do que uma nota de 200 reais. Que São Guimarães Rosa proteja o cerrado (já que dos atuais governos se pode esperar quase nada).
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