Inimigo meu
E parece que a história da revolta dos macabeus, sacerdotes-guerreiros judeus do século 2º a.C., está se tornando uma das mais bem documentadas da Bíblia em termos arqueológicos (bem, pelo menos no caso da Bíblia católica, já que a saga dos macabeus não figura nas Bíblias protestantes). Você viu aqui no blog não faz muito tempo que arqueólogos israelenses revelaram ter identificado o possível mausoléu dos macabeus. Agora, outros pesquisadores afirmam ter achado em Jerusalém uma fortaleza que teria sido construída a mando de Antíoco 4º (215 a.C.-164 a.C.), arqui-inimigo dos rebeldes judaicos.
Recapitulando pra quem não conhece bem a história: Antíoco, que adotou o nada modesto título de Epífanes (com o significado de “deus manifesto” em grego) era membro de uma das dinastias de sucessores de Alexandre, o Grande que dividiram o império do conquistador entre si depois da morte dele. No caso, coube aos ancestrais dele, os chamados selêucidas, boa parte dos territórios do atual Oriente Médio, com destaque para a Palestina, a Síria e o Iraque.
Por motivos que ainda não estão totalmente claros, Antíoco teve a brilhante (só que não) ideia de tentar impor os costumes pagãos gregos em seus súditos judeus, inclusive transformando o Templo de Jerusalém, dedicado ao Deus único da Bíblia, num templo de Zeus. A revolta dos macabeus foi uma reação a essa afronta à liberdade religiosa judaica.
Para manter o controle de Jerusalém, Antíoco mandou construir uma fortaleza na cidade. É isso o que os especialistas da Autoridade Israelense de Antiguidades, liderados por Doron Ben-Ami, dizem ter encontrado.
Há restos de uma muralha e de uma torre, com moedas da época de Antíoco. E também apetrechos de guerra: “balas” de funda – é, algo como aquele estilingue de gente grande que David teria usado para matar Golias – e pontas de flecha de bronze, que podem ser restos de uma batalha entre judeus e selêucidas pelo controle da fortaleza.
Em tempo: a megalomania de Antíoco Epífanes era tamanha que alguns de seus contemporâneos preferiam chamá-lo (pelas costas, claro) de “Epimanes”, ou “o Louco”, num trocadilho com o termo “Epífanes”.
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